Florinda Meza, a eterna Dona Florinda de 'Chaves', usou suas redes sociais para desabafar sobre polêmicas envolvendo a série e a heraça de Roberto Bolaños, protagonista da atração mexicana. Nesta sexta-feira (26), a atriz publicou uma carta aberta abordando o testamento deixado pelo marido e lamentando o fim da exibição dos programas dele em diversos locais do mundo. Ela ainda negou ter rixa com os filhos de Bolaños e desmentiu boatos espalhados pela mídia mexicana.
Segundo a mídia mexicana, existe uma briga entre Florinda e os seis filhos de Roberto com Graciela Fernández. Os herdeiros não estariam satisfeitos com a herança de R$ 15 milhões e estariam pedindo mais do que o acordado em testamento. No texto publicado em seu perfil do Instagram, a atriz deixou claro que a vontade de Bolaños foi feita, após sua morte.
"Todos sabem que Roberto Gómez Bolaños é o amor da minha vida. Quando ele fez seu testamento, fiquei tranquila, pois ele decidiu aquilo que o deixou em paz. Em 2014, Roberto morreu nos meus braços. Meu luto por sua ausência tem sido longo e doloroso, passei anos isolada, me recuperando", escreveu ela, sem entrar em mais detalhes da polêmica com os filhos.
Em seguida, Florinda citou os direitos de exibição da Televisa que foram expirados, fazendo com que 'Chaves' e outros programas protagonizados por Roberto parassem de passar na Televisa e em outros canais do mundo, como o SBT: "Em 2020, no auge da pandemia, o contrato com a Televisa pelos direitos literários para as transmissões da série Chespirito terminou. Eu, como escritora, deveria ter sido convocada para essa negociação, mas não fui".
"Fiquei sabendo pela mídia que finalmente não tinham chegado a um acordo e suspenderam a transmissão dos programas. Algo explodiu dentro de mim, foi como se meu Rober se levantasse da tumba e gritasse: 'Acorda! Você tem que defender meu legado'", complementou, sem citar nomes.
Vale ressaltar que as obras só pararam de ser exibidas por conta de uma briga entre os herdeiros de Bolaños e a Televisa. Os filhos do ator ficaram com os direitos intelectuais dos programas, incluindo personagens e roteiros, por meio do Grupo Chespirito. A emissora pagava a eles para distribuir o seriado, mas o contrato não foi renovado. Roberto Gómez Fernández pediu um aumento no valor e a companhia não aceitou, afetando diretamente as transmissões. Na ocasião, a própria Meza se opôs às decisões do executivo, mas de nada adiantou.
"Em seu testamento, ele me nomeou como sua representante para proteger seus personagens de um mau uso. E que pior uso pode ser feito do legado de um gênio do que enterrá-lo, congelá-lo por quase quatro anos? Roberto nunca se interessou pelo dinheiro, ele o via como uma consequência do seu trabalho. Ele não teria permitido que a série saísse do ar durante a pandemia. Retirar essa alegria dos seguidores justo quando mais precisavam foi terrível. Agora eles aguardam ansiosos pelo retorno do programa número um da televisão humorística para compartilhar com seus filhos a comédia saudável, as emoções positivas e os valores universais", continuou ela.
Florinda destacou o poder social de séries como 'Chespirito', pontuando sua 'magia': "Roberto e eu conhecíamos muito bem nossa responsabilidade social. A série Chespirito deixou de ser apenas um produto televisivo e se tornou uma parte essencial da vida de milhões de pessoas, marcando a história coletiva de muitos países, por mais de 4 gerações. Nesse tempo, o ambiente mudou, a mídia social e o entretenimento se transformaram. A tecnologia evoluiu, o que permaneceu imutável foi o sucesso mundial das transmissões de Chespirito. Sabem por quê? Porque esses programas têm magia, são um tesouro para promover e cuidar com muita delicadeza, pois alcançam diretamente a alma da audiência".
A intérprete da Dona Florinda disse que é sua missão a de preservar esses bons sentimentos, deixando claro que foge de polêmicas e ataques midiáticos. Ela ainda rasgou elogios ao companheiro: "Roberto Gómez Bolanõs, o Chespirito, foi um homem bom, um marido amoroso, um excelente pai, um ex-marido responsável, um amigo leal, um grande chefe, um profissional impecável e um gênio único e irrepetível. Merece ser lembrado com respeito e carinho, por tudo o que sua obra significa para tantos espectadores".
Florinda também rebateu os rumores de que estaria processando a empresária Maca Rotter, ex-diretora da divisão de licenciamentos da Televisa, por conta de uma série biográfica de Bolaños. De acordo com a mídia mexicana, a artista estaria incomodada com o fato da empresária não ter pedido autorização para realizar a produção. "Quero esclarecer que, até hoje, não processei ninguém, não é meu desejo e espero não me ver na necessidade de fazê-lo, por nenhum motivo", eslareceu.
Na sequência, ela voltou a falar dos filhos de Roberto, expressando que nunca 'buscou conflito' com nenhum deles. "A última vontade de Roberto exige que eu intervenha para proteger seu legado, porque ele confiava em mim e assim dispôs em seu testamento. Se eles quiserem, podemos resolver isso imediatamente, é urgente que o riso retorne aos lares. Minha dignidade como ser humano também me move a defender meu trabalho, meus direitos literários, minha imagem e minha vida privada com meu Rober, porque nosso amor não durou apenas 40 anos, continua vivo", pontuou.
"Como pessoas do espetáculo, o mais precioso para nós é o público, que tem o direito de preservar a boa imagem de Roberto Gómez Bolaños, que qualquer produção que fale sobre ele se atenha à verdade e reflita o que Roberto pensava e sentia", acrescentou, provavelmente alfinetando a produção 'Sem Querer Querendo', vendida como biográfica pela HBO Max.
"Qualquer visão diferente disso não será sua biografia, será outra história, a imaginação de outra pessoa, cheia de fantasias para vender. Mas o personagem que leva o nome de Roberto não será realmente ele. Honremos Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito, e cuidemos da magia, nossa magia, porque seu legado de alegria é de todos os bons que o seguem... e seu escudo é um coração. Florinda Meza", concluiu em um texto que também foi traduzido para português.
