A atriz Catherine Deneuve se desculpou com as vítimas de assédio sexual em artigo publicado no jornal "Libération", nesta segunda-feira (15). Na semana passada, ao lado de 99 outras mulheres, a francesa assinou carta onde defendia a "liberdade de importunar" dos homens. O texto havia sido divulgado pelo "Le Monde" dias após o assunto ser abordado na entrega do Globo de Ouro, quando famosas vestiram preto para simbolizarem a luta contra o assédio. Também na premiação, o tema foi falado por Oprah Winfrey ao receber troféu pelo conjunto da obra.
"Cumprimento de modo fraterno todas as vítimas de atos odiosos que possam ter se sentido agredidas por este texto publicado no 'Le Monde'. É a elas, e apenas a elas, que apresento minhas desculpas", escreveu. Apesar do pedido de desculpas, a atriz de 74 anos manteve sua posição sobre o que considera "indispensável à liberdade sexual". "Efetivamente assinei a petição (...) Sim, amo a liberdade. Mas não amo essa característica da nossa época em que todos se sentem no direito de julgar, ser árbitros, condenar", rejeitou. No ano passado, o produtor Brett Ratner foi afastado da sequência de "Mulher-Maravilha" após seis denúncias de assédio sexual. Já no Brasil, atrizes da Globo teriam encabeçado movimento para não contracenarem com José Mayer, acusado de assediar uma figurinista.
Catherine teve posição semelhante a William Waack ao criticar a força das redes sociais. O jornalista teve seu contrato encerrado com a TV Globo ao ser acusado de racismo e defendeu-se alegando sempre ter combatido a intolerância. "Uma época em que simples denúncias nas redes sociais geram punições, demissões e, com frequência, linchamentos na mídia (...) Não desculpo nada. Não decido sobre a culpa desses homens, já que não estou qualificada para isso. E poucos estão", apontou. No novo artigo, Catherine se mostrou preocupada com uma provável censura nas artes por conta do comportamento pessoal de artistas. "Vão classificar Leonardo Da Vinci como um artista pedófilo?. Este clima me deixa sem voz e preocupada com o futuro de nossas sociedades", disse. "Evidentemente, nada no texto afirma que o assédio tem algo de bom, do contrário não o teria assinado", finalizou a atriz, uma das famosas a assinar manifesto em 1971 a favor do aborto.
(Por Guilherme Guidorizzi)