William Waack falou pela primeira vez sobre o vídeo gravado em novembro de 2016 que acabou provocando sua saída da TV Globo, em dezembro passado. Na gravação feita nos EUA, o ex-apresentador do "Jornal da Globo" fez um comentário considerado racista. "Aquilo foi uma piada -idiota, como disse meu amigo Gil Moura-, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular", escreveu eu artigo publicado neste domingo pelo jornal "Folha de S.Paulo". "Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão", acrescentou o jornalista, de 65 anos.
Ainda no artigo, Waack, defendido por Boni, ex-diretor da emissora carioca, conta nunca ter apoiado o racismo. "Durante toda a minha vida, combati intolerância de qualquer tipo -racial, inclusive-, e minha vida profissional e pessoal é prova eloquente disso", garantiu. "Não digo quais são meus amigos negros, pois não separo amigos segundo a cor da pele. Assim como não vou dizer quais são meus amigos judeus, ou católicos, ou muçulmanos. Igualmente não os distingo segundo a religião -ou pelo que dizem sobre política", completou o apresentador. Ele foi substituído na bancada por Renata Lo Prete, embora a web tenha pedido Majú Coutinho.
Em seu artigo, Waack, submetido a cirurgia cardíaca em meados de 2017, afirma que "as empresas da chamada 'mídia tradicional' são permanentemente desafiadas por grupos organizados no interior das redes sociais". "Estes se mobilizam para contestar o papel até então inquestionável dos grupos de comunicação: guardiães dos fatos objetivos'", opinou o jornalista, que viu a polêmica virar assunto no exterior. "Na verdade, é a credibilidade desses guardiães que está sob crescente suspeita", acrescentou ele, sondado por SBT e rádio Jovem Pan.
Ainda na publicação, o ex-âncora do "JG" diz que grupo chamado por ele de "canalhas do linchamento" querem tirar do brasileiro o lado irreverente e brincalhão. "Aproveito para agradecer o imenso apoio que recebi de muitas pessoas que, mesmo bravas com a piada que fiz, entenderam que disso apenas se tratava, não de uma manifestação racista", escreveu. "Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento", apontou. "Tenho 48 anos de profissão. Não haverá gritaria organizada e oportunismo covarde capazes de mudar essa história: não sou racista. Tenho como prova a minha obra, os meus frutos. Eles são a minha verdade e a verdade do que produzi até aqui", finalizou.