Com traços delicados e expressão doce, Caroline Abras parece não ter nada a ver com a durona Ximena, sua personagem novela "I Love Paraisópolis". Mas as primeiras imagens do bando de Grego (Caio Castro) na trama já mostram que, em cena, para além de toda a caracterização, a atriz se transforma. Em conversa com o Purepeople, Carol dá detalhes sobre a personagem, que será o braço direito do chefão da comunidade. "É ela quem tortura, quem põe a mão na massa... É violenta".
No folhetim, protagonizado por Bruna Marquezine, na pele da batalhadora Marizete, Ximena faz parte do grupo contraventor que comanda Paraisópolis. A história escrita por Alcides Nogueira e Mário Teixeira é ambientada em São Paulo, mais precisamente no local em que o bairro do Morumbi e a comunidade que dá nome à trama se encontram. Conforme explica Caroline, os jovens que comandam o bairro vivem fora da lei, mas protegem os seus.
"O bando comete pequenos delitos, eles tem um esquema de desmanche. Roubam carros, desmancham e vendem peças. A coisa tem dois lados, porque o trabalho que eles fazem é ilegal, é contravenção. Mas existe também o comando e o zelo que eles têm pela comunidade. Então eu acho que passeiam por dois lugares e é claro que, para se impor dentro de desse ambiente aparentemente opressor, eles tem que se colocar. Acho que está nesse lugar a agressividade, o perigo e a violência. Talvez uma violência mais moral do que efetiva", conta.
Ximena se impõe pela agressividade
Ximena não se deixa intimidar pelo fato de estar sempre rodeada de homens no bando e faz de tudo para deixar clara sua autoridade. "Sendo a única mulher, a Ximena tem que se impor duplamente: dentro da comunidade e dentro do próprio grupo. A maneira que ela faz isso é um pouco mais opressora, mais agressiva, até para conquistar seu lugar e se manter ali", afirma a intérprete.
Segundo Carol, se engana quem pensa que a personagem levanta uma bandeira feminista, ao contrário: "Ela tenta se impor nesse universo masculino pulsando masculinidade. É de igual para igual, ela está ali tentando equalizar os gêneros e chega a ficar até um pouco andrógina, mas é essencialmente mulher." E mesmo sendo tão linha dura, a moça não está imune aos apelos do coração. "Ela tem uma paixão pelo Grego, que é mal resolvida desde a infância", conta a artista.
Lado feminino X tortura física
A atriz explica que sua personagem tem, dentro de si mesma, lados opostos: "Ela tem o seu lado feminino sim, é claro, tem cena dela lixando a unha. Mas também tem cena em que ela tortura um cara, por exemplo. E é ela quem tortura, que põe a mão na massa. Ela tem esse punch, é violenta". Essa dicotomia dá complexidade a personagem e o desafio de interpretar alguém com tal conflito interno instiga ainda mais a intérprete. "É uma personagem muito legal e foi um convite do Carlinhos (Carlos Araújo, diretor da trama), antes ainda de 'Felizes Para Sempre?' ir ao ar. Quando a gente já estava fazendo as leituras da novela estreou a série."
Para mergulhar no universo de Paraisópolis, o elenco fez várias visitas à comunidade e Caio Castro chegou a conhecer alguns chefões, buscando inspiração para o personagem. Para Caroline, a experiência de conhecer o local mais a fundo foi imprescindível. "Foi legal também essa vivência porque eu sempre ouvi de Paraisópolis isso, Paraisópolis aquilo... Mas entrei ali e vi que é outra coisa. Não é essa periculosidade toda, não tem esse peso. E a gente está representando com muita verdade".
Além das cenas do bando de Grego gravadas em São Paulo, parte do elenco da próxima novela das sete também gravou em Nova York, pois parte da trama se passa lá. Com direção de núcleo de Wolf Maya, "I Love Paraisópolis" estreia dia 11 de maio.
(Por Samyta Nunes)