Bruno Gagliasso chegou aos 32 anos com uma bagagem de peso na carreira. Com papéis marcantes na TV - ele já viveu um homossexual e um esquizofrênico - , o ator é alvo de disputas na Globo, mas sabe o que quer. Negou convite para "Império", a próxima novela das nove, e para "Alto Astral", novela das sete, tudo para entrar na série "Dupla Identidade", escrita por Glória Perez.
Em entrevista ao colunista de televisão Daniel Castro, publicada nesta quarta-feira (9), o ator comemora o serial killer que fará na trama, que teve inspiração em personagens icônicos da TV e do cinema.
"Sempre fui fascinado por séries. Eu gosto de personagens intensos, que me façam aprender, estudar, que façam as pessoas discutir. Sabe, eu gosto de problematizar! Eu gosto de personagens que criam problemas", explicou.
E ele aposta mesmo em papéis polêmicos. O ator foi escolhido para protagonizar o primeiro beijo gay da TV em "América" (Glória Perez). A cena não foi ao ar, para a tristeza do ator, que vê a evolução da TV em exibir romances entre pessoas do mesmo sexo. O ator também aproveitou para comentar o beijo de Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) da novela "Amor à Vida".
"Viva o amor! Isso já devia ter acontecido há muito tempo, desde lá atrás. E eu fico feliz, fico contente. Acho que é um grande passo que todos nós estamos dando. Eu me lembro que eu fui num programa (acho que é o da Fátima), e o psicanalista Francisco Daudt, da Veja, estava lá. Ele me fez essa pergunta e eu disse a mesma coisa. Fico muito feliz, a gente tinha que ter dado esse passo há muito tempo. Mas alguém perguntou: "Ah, e você acha que o público estaria preparado?". E eu disse: Quem somos nós para julgarmos se o público está ou não está preparado? Eu me sentia preparado há muito tempo, e eu também sou público. E aí? Talvez a gente já estivesse preparado há muito mais tempo se o beijo já tivesse sido dado."
O ator opinou sobre o público conservador, que já demonstrou ser contrário ao romance entre Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) de "Em Família", mas aposta na continuidade da diversidade de casais na televisão.
"Eu acho que a gente tem que dar esse passo adiante. Tem até hoje esse público conservador, tem gente também que não gostou, não foi? Mas cabe a nós, artistas, quebrarmos esse tabu, e é por isso que eu sou contra a censura e a favor da arte e do amor. Porque eu gosto de questionar. A minha função social é essa: problematizar, e é isso que eu farei sempre através dos meus personagens".
Psicopata em série
Bruno se prepara para encarnar a pele de um psicopata, que não dará pistas da sua alma envergada ao crime. "Ele vive uma vida normal, como a de qualquer um. É advogado, estuda psicologia e começa a trabalhar no escritório de um senador, e quem faz o senador é o Aderbal (Freire-Filho)", conta o ator, que já começou as gravações da série.
"A gente fez uma preparação de 45 dias numa sala de ensaios, estudando, fazendo leitura de mesa. Eu, Débora (Falabella), Luana (Piovanni), Marcello (Novaes), o elenco todo. A gente está com o Sérgio Pena também, que está nos ajudando na preparação", explica.
Bruno, que interpretou o mocinho de "Joia Rara", mergulho fundo no papel do seriado, trama prevista para estrear em setembro deste ano. "É um trabalho bem diferente do que a gente costuma fazer em novela, pois a gente está tendo tempo de estudo, de preparação, de leitura. É tão gostoso fazer isso numa televisão. A gente geralmente faz no cinema, né?", diz o ator.