No 'BBB 24', Yasmin Brunet confessou que tem lipedema. Durante uma conversa na casa, ela explicou que lida com a doença e que, inclusive, precisará fazer cirurgia por conta disso. Mas afinal, o que é lipedema? Entenda o que é essa condição e como ela pode afetar o dia a dia de quem a possui.
O lipedema foi caracterizado como doença apenas em 2022, mas a verdade é que ele atinge cerca de 10% das mulheres brasileiras. Segundo a cirurgiã vascular Dra Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, o lipedema é uma condição marcada pelo acúmulo de tecido gorduroso nos membros. As áreas mais afetadas costumam ser as coxas, culotes, quadris e pernas.
"Frequentemente, a paciente com lipedema passa a vida como uma 'falsa magra', isto é, magra da cintura para cima, mas com pernas grossas. Muitas vezes, acredita que esse é o padrão de corpo familiar, já que o lipedema realmente pode afetar várias mulheres da família, então não pensa que pode ser um problema. E, como até pouco tempo o lipedema não era considerado uma doença, a literatura científica sobre seus mecanismos ainda é muita escassa", explicou.
Como o lipedema é uma doença relativamente 'nova' na literatura, acaba sendo difícil encontrar um diagnóstico rápido. Além disso, é comum que o lipedema seja confundido com outras doenças, como obesidade e celulite.
O acúmulo de gordura nos membros vai além de uma questão estética e traz diversos impactos no dia a dia da pessoa que sofre com essa condição. O principal deles é a dor ao toque. "Não é incomum que a portadora de lipedema estranhe ao se submeter a uma drenagem linfática ou massagem relaxante, já que experiência, que deveria ser agradável, geralmente é acompanhada de dor e sensibilidade ao toque", explica a Dra Aline Lamaita.
A especialista explica ainda quais são os outros sintomas do lipedema. O acúmulo de gordura desproporcional nas regiões citadas anteriormente é um deles. Além disso, é comum encontrar a presença de nódulos. "Fique atenta também à evolução desses nódulos: se eles crescerem, o tamanho das pernas aumentar e a pele começar a dobrar, como se fosse flácida, provavelmente trata-se de lipedema", orientou a Dra Aline.
Outro ponto importante é que a gordura é muito mais difícil de ser eliminada. "O grande problema é que a gordura do lipedema é doente, e frequentemente, não reduz somente com hábitos básicos como dietas e prática de atividade física. Esse deve ser outro sinal de alerta para buscar ajuda profissional", esclarece.
Muitas pessoas acreditam que a lipoaspiração é o principal tratamento para lipedema. Dra Aline Lamaita explica que ela pode realmente ser útil, mas não é a principal medida em todos os casos. "Não basta apenas retirar essa gordura, pois não se trata simplesmente de um acúmulo de gordura qualquer. O lipedema é uma doença sistêmica, então somente fazer uma lipoaspiração não resolve", explica. "Em casos mais iniciais, somente o tratamento clínico pode ser suficiente para controlar a doença. Quando isso não acontece, a lipoaspiração pode ser indicada, assim como nos casos mais graves da doença, em que há limitação do movimento", afirma a especialista.
O tratamento de lipedema deve ser realizado em conjunto com um cirurgião vascular, endocrinologista, nutricionista e fisioterapeuta, sendo que, em determinados casos, ortopedistas e cirurgiões plásticos também podem ser necessários. Dra Aline dá algumas dicas de como o lipedema pode ser controlado.
"Mudanças no estilo de vida com adoção de uma alimentação anti-inflamatória e prática regular de atividade física são estratégias importantes para controlar a evolução do lipedema. Mas outras medidas devem ser adotadas, como uso de meias de compressão e medicamentos e realização de sessões de fisioterapias, tratamentos vasculares e até lipoaspiração para retirada do tecido doente", explica.