Empoderamento, feminismo e sororidade são palavras que estão cada vez mais em voga: cabe a cada mulher dar significado a elas em sua rotina e, em entrevista com o Purepeople, Bárbara Paz, no ar em "O Outro Lado do Paraíso" como Jô, vê sua profissão e um episódio de superação em sua vida pessoal como empoderadores. "Acredito que quebrei vários tabus com a minha carreira. Olho para trás e penso: tenho 400 pontos no meu rosto. Sou uma atriz que tem uma cicatriz gigante no rosto que de vez em quando aparece e, qual é a outra atriz no Brasil que é assim? E desencanei e a televisão abriu as portas para mim. Porque as do teatro estão sempre abertas, as do cinema também. Mas, na TV, quebrei uns tabus", afirma.
Assim como Monica Iozzi afirmou em recente entrevista, Bárbara se declara avessa aos padrões. "É uma forma de dizer que os seus defeitos, sua cor, eles não têm que ser sua limitação. Espero que o lugar que eu estou, porque não sei onde cheguei, seja um espelho para muitas mulheres e artistas que não conseguem por causa de um problema, um defeito", diz Barbara, destacando o valor da determinação: "Tenho todos os problemas que todo mundo tem, agora precisamos lutar contra os nossos leões. Senão eles devoram. Temos eu priorizar as nossas qualidades. A vida é muito rápida! Imagina se eu não tivesse feito tudo o que fiz: batido na porta, pedido para fazer teste, pedido para acreditarem em mim. Fiz tudo isso e nunca imaginei que ocuparia o lugar que estou hoje".
Com a liberdade como traço marcante da personalidade, a gaúcha de Campo Bom relembra ter sentido na pele o pré-julgamento alheio. "Comecei no teatro, ganhei popularidade na 'Casa dos Artistas' (reality show do SBT vencido por ela em 2001), e nunca mais parei. Teve todo um preconceito grande do povo do teatro, até de televisão, por conta de ter feito o primeiro reality. Mas o preconceito está na cabeça do outro e não na minha, então eu não parei na minha carreira. Se eu ouvisse tudo que falaram, acabaria parando. Paralisando", relata. Os episódios de assédio moral e a necessidade de se autoafirmar por ser mulher, presentes tanto em Hollywood quanto nos bastidores de emissoras do Brasil, também fazem parte da história de Bárbara. "Estamos nos provando o tempo todo. Como atriz isso é uma constante. Estamos sempre na berlinda e temos uma carreira muito instável. Isso é bom para não nos acomodarmos. Quem se acomoda pode perder o fio e eu não sou só atriz. Também escrevo, pinto, dirijo. Não consigo ficar parada e sou uma porção, um monte inquietante", define-se.
Ao Purepeople, a artista também comemora o avanço na discussão sobre igualdade de gênero. "Estamos caminhando ao longo dos anos, bastante. Mas, a voz da mulher ganhou uma força muito grande nos últimos tempos. Estamos no meio do caminho, mas hoje ela pode. Está perdendo os pudores e os tabus que a sociedade impôs para a gente", afirma Bárbara, que procura se atualizar no tema: "Estou sempre lendo e sabendo mais. Ainda mais hoje em dia que pessoas boas estão abrindo a boca para falar e falar coisas maravilhosas que nunca escutamos vindo de uma mulher".
(Apuração de Patrick Monteiro e texto por Marilise Gomes)