Os últimos capítulos da novela "Jesus" vão além da ascensão do Messias aos céus, promete Paula Richard, autora do folhetim bíblico, que chega ao fim em abril. "Seguimos um pouco além da Ascenção de Jesus (Dudu Azevedo) para mostrar que Sua história continua através dos Apóstolos e daqueles que seguiram lutando para que Seus ensinamentos fossem perpetuados. Apenas uma pincelada, até o apedrejamento de Estevão, o primeiro mártir cristão", antecipa ao Purepeople a novelista que se manteve fiel à Bíblia, mas criando histórias que não constam no Livro Sagrado.
Paula diz ainda ter dado uma atenção especial para as pessoas que foram curadas pelo Filho de Deus, trazendo um frescor diferenciado à novela da RecordTV a ser substituída por "Jezabel". "Todos já viram essas cenas retratadas em filmes ou seriados, mas dessa vez conhecemos a vida e a trajetória dos personagens que presenciaram esses momentos, que conheceram Jesus, que foram tocados por Ele e tiveram suas vidas transformadas. Através dos olhos desses personagens, cenas tantas vezes vistas, tomam outra dimensão", defende. Entre os agraciados por milagres do Messias na novela está Judas Tadeu (Ricky Tavares), que passou a enxergar. Segundo a autora, ela ficou tocada ao transcrever passagens como o calvário do filho de Maria (Claudia Mauro): "Serão capítulos fortes, com muita emoção. Mesmo conhecendo a história, foi difícil escrever a Via Crucis e Crucificação. É algo que realmente mexe com você. Felizmente não é o fim e Jesus ressuscita!".
Paula dá indícios que alguns dos vilões da trama podem não receber o castigo esperado. "No caso de Caifás (Eucir de Souza) e Anás (Paulo Figueiredo), eles continuam existindo após a Crucificação e Ressuscitação de Jesus. São citados na Bíblia após esses eventos. Um pouco como na vida real, nem sempre os vilões têm o que merecem (risos). Mas Caifás terá suas punições 'possíveis' nesse contexto", explica. "Pois quando escrevemos uma história bíblica, não podemos seguir o fluxo natural de uma história ficcional. Trata-se de uma adaptação. Nesse sentido, alguns desfechos precisam seguir as indicações bíblicas e históricas. Quando não há nada a respeito, podemos criar, tomando cuidado para que seja crível dentro do contexto das informações que possuímos", acrescenta a autora.
A novelista que tem no currículo novelas como "Chamas da Vida" (2008), seja como autora principal ou colaboradora, afirma não ter se surpreendido com as críticas feitas na primeira fase de "Jesus". Na ocasião, Maria (Juliana Xavier) aparecia aos beijos com José (Guilherme Dellorto). "Procurei contar a história com todo cuidado e carinho, mas é claro que sabia que haveria uma reação forte à questão da virgindade eterna de Maria e isso pode ter afastado parte do público. As críticas já eram esperadas e as acolhi com compreensão. Mas em momento algum tive a intenção de desrespeitar ou diminuir o valor e a importância de Maria de Nazaré", garante. "Mostramos que Maria foi a escolhida por Deus para trazer Jesus ao mundo, concebeu virgem através do Espírito Santo, enfrentou tudo que teve que enfrentar com uma fé poderosa. Uma mulher extraordinária que seguiu Jesus até o fim de seus dias", completa.
A exemplo do que ocorreu com "O Rico e Lázaro" (2017), a autora enfrentou números não tão expressivos no Ibope. "A novela é linda e acho que cumprimos bem a missão. Fatores diversos influenciam a audiência de uma novela e, como já disse antes, procuro não focar nos números, mas no retorno do público que assiste a novela, que sempre foi muito bom", destaca, negando que irá escrever uma continuação de "Jesus". "Li em algum lugar que eu teria entregue uma sinopse de 'Atos dos Apóstolos', mas isso não procede. No momento meu projeto é férias!", assegura. E descarta ainda que Elias (Theo de Almeida Lopes) seja filho de Deborah (Manuela Llerena). "Cronologicamente, o Elias não tem idade para ser. O filho dela com Caius (Felipe Roque) poderia ter, no máximo, uns 2 anos de idade. Elias é um órfão que encontrou um pai e uma mãe maravilhosos, com muito amor para dar", explica.
Paula diz ainda não ter tido vontade de levantar nenhuma bandeira ao dar espaço para uma série de personagens femininas. "De modo geral, a Bíblia não os detalha e temos que desenvolvê-los segundo as informações bíblicas e históricas. Não foi o caso de levantar uma bandeira, mas simplesmente de mostrar a importância dessas mulheres na história de Jesus, que já estava assinalada na Bíblia, mas não era detalhada", afirma. "São elas que estão aos pés da Cruz, é para elas que Jesus aparece depois de crucificado. Se alguém levantou essa bandeira foi Jesus, que não discriminava mulheres e aceitava todos que estivessem dispostos a ouvi-Lo!
(Por Guilherme Guidorizzi)