Alicia Keys surpreendeu a todos com um desabafo publicado em seu site oficial. A premiada cantora, que em 2013 se apresentou no Rock in Rio ao lado de Maria Gadú, contou que adotou um visual masculino quando era mais jovem por medo de abusos sexuais. A dona do hit "Girl on Fire" - casada há cinco anos com o rapper Swizz Beatz e mãe de Egypt, de 4 anos, e Genesis, nascido no final de 2014 - também afirmou que sofria preconceito por seus looks. "Muitos passaram a me chamar de lésbica e isso foi difícil, porque eu não era homossexual", diz Alicia em um dos pontos do texto, no qual relata um trauma que durou anos.
"Desde que me conheço por gente, eu me fechei. Isso pode ter começado no colégio, quando eu passei a entender as coisas rapidamente. Lembro de meus amigos me olhando diferente e tirando sarro de mim porque eu não era igual a eles. Passei a me esconder. Não intencionalmente, mas me escondi. Pouco a pouco. Foi, definitivamente, quando eu tinha idade o suficiente para andar sozinhas pelas ruas de Nova York que passei a me esconder. Passei a notar uma drástica diferença em como os homens se relacionavam comigo se eu estivesse de jeans, ou se eu estivesse usando uma saia, ou se meus cabelos tinham um penteado bonito. Eu sabia perceber a diferença. Eu podia sentir o instinto animal dentro deles e isso me assustava. Eu não gostava que falassem comigo daquela forma, que assobiassem para mim ou que me seguissem. Então, eu passei a escolher calças largas, coturnos e usava um chapéu com meus cabelos presos em um rabo de cavalo. Abria mão da maquiagem e desisti de usar vestidos e batom. Eu escolhi me esconder. Pouco a pouco. Teria menos problemas dessa maneira", começou Alicia, um dos rostos da marca Givenchy Parfums.
"Lembro que me sentia do mesmo jeito quando passei a ser reconhecida como artista. Eu tinha um estilo tomboy que era meu (ou que escolhi adotar) e eu me sentia bem. Muitos passaram a me chamar de lésbica e isso foi difícil, porque eu não era homossexual. Mesmo me sentindo confortável com meu estilo, era ruim ser julgada. Passei a usar vestidos e me sentia confusa, porque eu não sabia direito qual era meu verdadeiro eu. Foi cômodo esconder minha inteligência, minhas aparições públicas, minhas verdades, meus pensamentos, enfim, esconder eu mesma", continuou a cantora, que se declarou ao Brasil após sua passagem pelo país.
Ainda no texto, ela relata como superou o trauma. "Até este dia, todas as vezes que saio do banho para me vestir, eu juro que a primeira coisa que passa pela minha cabeça é: 'o que posso usar para não chamar muita atenção ao ir a uma loja, às compras, visitar um amigo? Até que outro dia, me peguei pensando! Oh, meus Deus, Alicia! Por que você escolheu ser esta pessoa? Isso é tão fora de moda! Pare! Você pode ser inteligente, bonita, você pode ser radical e ter pensamentos que outros podem não concordar, você pode ser durona, sexy, corajosa, educada. Você pode ser você mesma! E adivinhem? Eu posso ser todas essas coisas ao mesmo tempo. Não preciso desistir de uma ou de outra. Não preciso me esconder, fingir e recuar. Não tenho que pensar que minha inteligência, beleza e sensualidade incomodam os outros. Quem se importa?", desabafou Alicia. No final de 2013, já com visual mais sexy, ela chamou a atenção ao usar um generoso decote no Foxtel Music Channels Summer Launch, Sydney, na Austrália.
"Não tenho que pensar que o meu jeito otimista, criança ou bobo não deva ser motivo de orgulho! Não devo passar despercebida, nem me encaixar, nem deixar de expor meus pensamentos e só falar a verdade em minhas canções! Eu posso falar, viver, ser, me vestir, me mostrar e crescer todos os dias! Eu tenho apenas 28 mil dias. Então, o que eu estou esperando? E, caramba, é isso o que estou estou fazendo!", encerrou Alicia Keys.
(Por Caroline Moliari)