Não haveria data melhor para o último capítulo de "Lado a Lado" ir ao ar: 8 de março, dia internacional da mulher, um símbolo do feminismo e aniversário de Marjorie Estiano, protagonista junto com Camila Pitanga. A primeira novela de João Ximenes Braga e Claudia Lage causou grande comoção no público, repercussão poucas vezes vista em um folhetim do horário das seis da Globo.
A proposta dos autores estreantes foi ousada: ambientar a trama no início do século passado, com duas personagens principais e com uma trilha sonora contemporânea. Juntaram a isso um elenco talentosíssimo, com boas surpresas, e ainda a inclusão de fatos históricos na ficção. É bem verdade que a audiência não respondeu tão bem à inovação, mas o fato é que "Lado a Lado" consquistou muitos telespectadores, completamente apaixonados pela obra.
A novela era assunto em todo lugar. Além das redes sociais, nos elevadores, corredores, salas de espera de consultórios, refeitórios... Em diferentes conversas foi possível ouvir comentários sobre a trama. Quem acompanhava os capítulos, falava do texto poético, dos lindos figurinos de época, da qualidade do trabalho dos atores e até da fotografia. Já quem não podia assistir, só lamentava e perguntava mais.
O casal "Laured", formado por Laura (Marjorie Estiano) e Edgar (Thiago Fragoso) caiu rapidamente nas graças do público, que torceu durante esses seis meses para que ficassem juntos. A virada de Isabel , que passou de uma moça pobre que trabalhava em casa de família, para artista bem sucedida e respeitada, depois de uma temporada em Paris, foi outro marco. Toda sua luta contra o preconceito da sociedade e a descoberta do roubo de seu filho pela ex-baronesa, mãe de sua melhor amiga, foram algumas das fortes emoções na trajetória da personagem.
No twitter, posts com trechos dos diálogos exibidos a cada dia viraram mania. Temas como abuso sexual, machismo, preconceito racial e social, corrupção, dentre tantos outros, foram mexendo com o telespectador, conseguindo ao menos despertar alguma sensibilidade em olhos acostumados a não enxergar esse tipo de coisa.
No núcleo cômico, a escalação de Álamo Facó e Maria Clara Gueiros não poderia ter sido mais feliz. O jogo de cena dos dois garantiu muitas gargalhadas. E, mesmo em situações absurdas, em nenhum momento era difícil de acreditar no que víamos. Isabela Garcia e Emilio de Mello, um casal que deu tão certo, que foi ganhando mais espaço na história e trouxe uma comédia leve para sua relação, o que foi outra boa surpresa.
Em tempos em que tanto se copia de outras culturas, o sucesso de uma obra que traz para a TV símbolos tão brasileiros, como o samba, o futebol, a capoeira, o candomblé e as favelas, deve e precisa ser comemorado. Sinal de que o público que gosta e reverencia essa iniciativa, não está tão alienado assim. "Lado a Lado" definitivamente vai deixar saudades!
(Por Samyta Nunes)