STF ordena prisão dos condenados pela Boate Kiss dois anos após anulação
Publicado em 3 de setembro de 2024 às 01:49
Por Luiz Eugênio de Castro | Reality show, redes sociais e TV
Leonino apaixonado por entretenimento e cultura pop! Filho legítimo de Britney Spears e obcecado pela Anitta, claro!
O júri responsabilizou quatro réus pelo incêndio que resultou na morte de 242 pessoas em Santa Maria, no ano de 2013.
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O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), restabeleceu a validade do julgamento que condenou os quatro réus pelo incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A tragédia, ocorrida em 27 de janeiro de 2013, deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, sendo uma das maiores tragédias do país em número de vítimas. A decisão, publicada nesta segunda-feira (2), acolheu recursos do Ministério Público do Rio Grande do Sul e do Ministério Público Federal (MPF) contra a anulação do julgamento, segundo informações do G1.

Entenda o caso

Em dezembro de 2021, após quase nove anos da tragédia, os réus foram condenados pelo Tribunal do Júri. Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, e Luciano Bonilha Leão, auxiliar da banda, foram condenados a 18 anos de prisão cada um por homicídio simples com dolo eventual. Elissandro Callegaro Spohr, um dos sócios da boate, recebeu uma pena de 22 anos e seis meses, e Mauro Londero Hoffmann, também sócio da boate, foi condenado a 19 anos e seis meses.

No entanto, em agosto de 2022, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) anulou o julgamento, apontando supostas irregularidades, como a escolha dos jurados, reuniões entre o juiz presidente do júri e os jurados, ilegalidades nos quesitos elaborados e uma suposta mudança da acusação na fase de réplica, o que é proibido por lei. A decisão do TJ gerou grande repercussão e polêmica, levando o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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Em setembro de 2023, a Sexta Turma do STJ manteve a anulação do júri, o que permitiu que os réus aguardassem a decisão em liberdade. Diante dessa situação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) recorreu ao STF, pedindo a reversão da anulação e o restabelecimento das condenações. Em maio de 2024, a então Procuradora-Geral Raquel Dodge se manifestou contra a anulação, destacando que a decisão do TJ-RS poderia comprometer a soberania do júri, princípio fundamental do sistema judiciário brasileiro.

Decisão do STF

Na decisão desta segunda-feira, Toffoli acolheu os recursos do Ministério Público, derrubando as nulidades que haviam sido apontadas pelos tribunais anteriores. O ministro afirmou que anular a sessão do júri seria uma violação direta à soberania do Tribunal do Júri, que é garantida pela Constituição Federal. "Implicar a anulação da sessão do Júri viola diretamente a soberania do Júri", escreveu Toffoli na decisão, conforme relatado pelo G1.

Com a decisão do STF, os réus deverão cumprir suas penas. Marcelo de Jesus dos Santos já foi encaminhado ao presídio de São Vicente do Sul. Luciano Bonilha Leão se entregou à polícia e está na Penitenciária Estadual de Santa Maria. Elissandro Spohr também se apresentou em Porto Alegre e aguarda transferência para um presídio. Mauro Hoffmann, no entanto, não havia se apresentado até o momento da publicação das informações e é considerado foragido.

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O que dizem as defesas

As defesas dos réus criticaram a decisão do STF. Segundo o G1, a defesa de Elissandro Callegaro Spohr afirmou: "A defesa de Elissandro Spohr recebe com surpresa a decisão do ministro Toffoli, mas com toda serenidade vai buscar acesso ao que foi decidido e tomar as medidas cabíveis." Eles destacaram que Spohr já está à disposição do Ministério Público e passará pelos trâmites necessários para o cumprimento da pena.

A defesa de Mauro Londero Hoffmann lamentou o que chamou de "julgamento antidemocrático" e criticou a falta de transparência na tramitação do processo: "Recebemos a informação, mas infelizmente, a decisão tramitou de forma sigilosa às defesas e silenciosa." Eles também ressaltaram que iriam cumprir a decisão judicial e contestar o caso nas esferas competentes.

Já os advogados de Marcelo de Jesus dos Santos expressaram insatisfação com a forma como a decisão foi tomada: "Lamentamos que a decisão tenha tramitado de forma sigilosa às defesas, em um movimento silencioso." A defesa disse que a decisão será cumprida, mas será discutida judicialmente.

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A defesa de Luciano Bonilha Leão também se manifestou, destacando a tristeza com a prisão de seu cliente: "Estamos muito tristes com a prisão do Luciano. O Luciano foi absolvido moralmente e infelizmente, neste momento, volta ao cárcere de forma injusta." Eles afirmaram que vão agir judicialmente para reverter a situação o mais rápido possível.

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