O diretor de TV Boni criticou o afastamento de William Waack da bancada do "Jornal da Globo". O jornalista deixou o noticiário após ser acusado de racismo por vídeo gravado em 2016 nos EUA. "O tom infantil da brincadeira dele merecia um pedido de desculpas, uma coisa desse tipo. O peso dele como jornalista, como intelectual não poderia ser ignorado por uma coisa que não é correta", disse, ao Purepeople. O pai de Boninho esteve no lançamento do livro "Biografia da Televisão Brasileira", na Livraria Travessa, no Leblon, Zona Sul do Rio, na noite desta segunda-feira (13). A publicação é de autoria de José Armando Vanucci e Flavio Ricco. "Temos que entender que não podemos praticar, nem de brincadeira, um ato de racismo. Mas, certamente, ele não tem nada de racista. O conheço e ele é uma pessoa extremamente preocupada com o social e com todas as classes. Uma pessoa excepcional", acrescentou.
Para o profissional, a Globo, que vai decidir o futuro de Waack em 2018, deveria ter tomado outra atitude. "Eu não o tiraria do ar. O obrigaria a fazer um pedido de desculpas bastante intenso, no ar. E como emissora faria um perfil mostrando quem ele é, para não ser confundido com um idiota racista qualquer", opinou se referindo ao âncora submetido a cateterismo em meados do ano. "Não gosto de nada radical e sou contrário ao politicamente correto. Todo mundo é sujeito a deslizes e é importante dimensionar a gravidade deles e a pessoa que o cometeu. Por uma infelicidade ocorre uma coisa que nem por brincadeira deveria ter ocorrido", acrescentou. A acusação de racismo repercutiu e foi parar na imprensa internacional.
Boni minimizou ainda a repercussão na web. "Acho que quatro, cinco mil pessoas não representam uma posição desse tópico. E nem todas as opiniões nas redes sociais são boas. Têm coisas excelentes, mas um rastilho de pólvora explode por nada", disse. "Não sou racista, mas eu não puniria uma pessoa que a história eu conheço por uma infantilidade. É uma coisa tão contraditória (o tirar do ar) que daria mais força a luta contra o racismo ele se desculpar", opinou. Logo após o afastamento do jornalista, alguns internautas pediram que Majú Coutinho substituísse o apresentador.
Questionado em relação ao futuro da relação emissoras/redes sociais, Boni afirmou que a Globo deve se posicionar sem influência. "A aplicação do controle de conduta será cada vez mais forte. Mas a empresa tem que tomar as suas próprias decisões, não pressionada pelas redes sociais ou opinião pública", frisou. "Ela tem que ter coragem de assumir a sua posição. Quando preciso ficar ao lado da opinião pública e quando não for, se manter", concluiu.
(Com apuração de Patrick Monteiro e texto de Guilherme Guidorizzi)