A novela "Belaventura" chega ao fim nesta sexta-feira (26) com Enrico (Bernardo Velasco) descobrindo ser filho de Mistral (Leonardo Franco) e Selena (Giselle Itié), do conde Páris (Bemvindo Sequeira). Mas uma história da trama de Gustavo Reiz não vai ser revelada, adianta o autor do folhetim medieval da Record TV ao Purepeople: "Algum mistério permanecerá no ar". Por outro lado, a paz, finalmente, chega ao reino. "Mesmo que isso signifique algum sacrifício. Teremos castigos, mortes polêmicas, revelações, nascimentos...", enumera. "Desde o início procurei seguir a linha das narrativas medievais e o desfecho também será assim", aponta.
Assim como "O Rico e Lázaro", "Belaventura" não apresentou bons índices na medição do Ibope em São Paulo. "Estreamos fora da TV a cabo, com mudanças na grade, época de festas, férias, não foi um período tranquilo", aponta Gustavo, lembrando que a trama quando estreou já estava totalmente escrita. "A novela fechada perde, de fato, sua principal característica, que é a possibilidade do autor ajustar a trama de acordo com o que vê no ar ou com a resposta do público. A única possibilidade de manobra é a edição, o que acaba comprometendo a estrutura dos capítulos", explica. "Ao mesmo tempo, essa também se apresenta como uma forma menos custosa de se viabilizar uma produção - e tudo que queremos é que se produza cada vez mais. Enfim, há muitos fatores que influenciam a audiência, é difícil precisar", completa. Com o fim da trama medieval, a faixa das 19h45 será ocupada pela reprise de "Os Dez Mandamentos", novela que atingiu a liderança de audiência com a abertura do Mar Vermelho, uma vez que "Topíssima" teve sua produção adiada.
Mesmo com os números baixos, Gustavo que busca inspiração na literatura e em pesquisas faz um balanço positivo de sua trama. "Contamos uma boa história e oferecemos algo diferente ao público. Os atores me escreviam com frequência, surpresos e empolgados com tantas viradas de trama. Houve um envolvimento muito grande por parte de toda a equipe", afirma. "A novela foi elogiada pela crítica, é sucesso comercial, desperta grande interesse do mercado internacional. E o telespectador que acompanha certamente se envolve com os mistérios, as histórias de amor, as referências aos grandes clássicos", vibra. "Foi uma grande experiência e já estou saudoso do nosso reino!", garante.
Na novela, o que não faltaram foram mulheres com personalidade forte como Brione (Juliana Didone, que precisou aprender a usar arco e flecha) e Carmona (Camila Rodrigues). E o autor conta ter se inspirado em ícones para criar tais personagens. "Gosto de escrever para mulheres e sempre admirei personagens femininas fortes, desde as grandes heroínas da História até as grandes vilãs dos contos de fadas", afirma. "Tentei usar características de grandes personagens, como Joana D'Arc (heroína francesa), Leonor de Aquitânia (duquesa na Idade Média), Inês de Castro (rainha póstuma portuguesa) e tantas outras, empoderadas desde sempre", completa. "E especificamente no período medieval, tão marcado pelo poder dos homens, a figura feminina era rodeada por muitos mistérios", acrescenta.
Se o folhetim medieval da Record está se despedindo, o da Globo ainda está no começo e terá a participação de Paula Fernandes no capítulo 70. Ambas as produções têm pontos em comum como plebeia se apaixonando por príncipe. "Recebo muitas mensagens pelo Twitter a respeito dessas semelhanças. O fato é que sempre há semelhanças em trabalhos que abordam um mesmo período histórico", frisa. "Principalmente porque as fontes (restritas) costumam ser as mesmas: as histórias clássicas, o imaginário popular, os relatos de viajantes, as pesquisas acadêmicas...", acrescenta. "Como historiador, torço para que surjam cada vez mais produções sobre diferentes períodos da História", finaliza.
(Por Guilherme Guidorizzi)