Dos desfiles até as ruas, as tendências estão por todas as partes, mas poucos sabem como elas são eleitas e quem está por trás. Se você tem curiosidade sobre o assunto, o Purepeople vai esclarecer essa dúvida com a ajuda do maquiador Fernando Torquatto. "De um modo geral, a maioria dos criadores se inspira nos bureau de tendência", explica o especialista em palestra no Veste Rio, que, assim como Marina Ruy Barbosa, defende o estilo próprio independente do que está em alta na moda.
Essas seleções são feitas de acordo com o movimento cíclico criado por admiradores da moda e começa fora das passarelas, focando nos estilos encontrados no cotidiano: "São lugares que pesquisam manifestações de rua no mundo inteiro, artísticas e de comportamento. Normalmente, identificam 5 macrotendências que vão ajudando a contar essas histórias e acabam levando aonde o mundo está indo." O cabelo colorido, o black power, a dupla de coques, a trança boxeadora, os óculos com designers diferentes e a pochete são exemplos de tendências de street style: "Tudo isso vai costurando e obviamente de acordo com cada local."
Com o surgimento de novos costumes a cada ano, existe uma movimentação dos estilos pautados pelos bureau. "É uma manifestação que acaba impressa em todas vertentes artísticas. Não é que morre dois anos depois, mas tem um tempo de vida e vai se transformando. Algo que esteja na moda vai ficar uns quatro anos com manifestações diferenciadas, perdendo a força e dando lugar a outra tendência que vai surgindo." Assim como Carolina Dieckmann, o especialista também acredita que a identidade precisa ser respeitada: "Se há um tempo essas tendências todas se estabeleciam como uma bíblia, hoje em dia é muito difícil pensar, sentir e vivenciar ela. A beleza, tanto nos cabelos como nas maquiagens, vive de identidade."
Assim como a importância das mulheres gordas na mídia, todos os estilos precisam ser representados e essa preocupação está sendo cada vez mais vista na moda, como foi o caso da representatividade vista na SPFW. "Antigamente, quando colocavam modelos negras no desfile, era uma afirmação de um ponto que tinha que prestar atenção. Hoje em dia, vários tipos físicos e várias texturas de cabelo estão no mesmo desfile mostrando que a identidade é o ponto fundamental dos novos tempos. Para as pessoas se reconhecerem, se olhem no espelho, gostem do cabelo como é, possam ser do jeito que elas são e brincar de ser o que quiser", aponta Torquatto: "A autoestima está muito na moda"
(Por Fernanda Casagrande)