Roberto Carlos terá o seu primeiro livro ofical, lançado em abril, disponível para o público daqui a um mês. Após se envolver na polêmica das biografias não-autorizadas, a obra, chamada de "Roberto Carlos", exibe com discrição a sua trajetória, contada em 389 páginas (Toriba Editora, a R$ 249).
De acordo com o jornal "Extra" desta sexta-feira (24), a publicação traz fotos de momentos da carreira legendadas com trechos de suas músicas. "Ele não queria que fosse algo biográfico. Quis apenas que fosse um registro fotográfico da sua história. É uma obra para fãs", diz o editor Carlos Ribeiro.
Vetos
Roberto, que chegou interferir na decisão sobre biografias no Supremo Tribunal Federal (STF) e depois causou mal estar com Caetano Veloso por ter voltado atrás no caso da liberação de livros, impôs condições para liberar o conteúdo da seu primeira obra. Ainda segundo o jornal, o cantor se negou a ceder imagens de seu arquivo pessoal, e pediu que as imagens não tivessem legendas tradicionais. A editora precisou arranjar uma forma de contar um pouco da trajetória de Roberto e agradar o cantor.
"Tentamos convencê-lo, mas não teve jeito. Até que tivemos a ideia de usar versos das canções com essa função. Roberto é um letrista que fala muito de si. É nas suas letras que ele se expõe", justificou o editor em entrevista à publicação.
O livro
A obra traz cerca de 400 imagens, escolhidas em um acervo de 4 mil. "Tive uns 10 encontros com ele, em hotéis, estúdio dele, bastidores de shows. Em cada reunião, ele escolhia imagens, inclusive por critérios técnicos. Se uma foto não estivesse com um contraste bom, por exemplo, ele pedia para corrigir. Ele é o homem mais perfeccionista que eu conheci. Até a véspera de o livro ir para a gráfica, não tinha certeza se ele sairia mesmo", relembra Carlos.
Um dos capítulos foi dedicado à ex-mulher, Maria Rita, e a outros amores: "Ele quis ver todas as fotos que tínhamos. Foi, sem dúvida, a parte mais delicada". O editor relembrou que Roberto chorou ao ver pela primeira vez uma imagem de Maria, de 1998. 'Me disse: 'como estava bonita a minha bichinha'. Foi bastante especial", contou.
O editor garante que o mateiral colhido daria para montar um livro, mas Roberto não quis. "Ele está gravando depoimentos para quando decidir lançar sua biografia. Roberto me contou bastante coisas, mas nada que foi dito vazou. Acho que isso criou uma relação de respeito mútuo", comemora.
Polêmicas
No "Fantástico", no ano passado, o cantor surpreendeu ao dizer que não vê problemas em liberar obras sem a sua autorização depois de ter vetado um livro sobre a sua vida e obra. "Eu sou a favor. Tem que se conversar e chegar a esse equilíbrio", ponderou.
Mas nem sempre Roberto Carlos pensou assim. Após uma ação judicial movida pelo cantor, milhares de exemplares da biografia "Roberto Carlos em detalhes", escrita pelo jornalista e historiador Paulo César de Araújo, foram recolhidos das livrarias em 2007. Em outubro de 2013, o grupo Procure Saber, formado por Roberto Carlos e outros artistas, anuncia: querem que o biografado continue a ter o direito de vetar uma obra não autorizada.
Mesmo apoiado pela instituição, Roberto Carlos se desligou do grupo "Procure Saber". Segundo o jornal "O Globo", Dody Sirena, empresário do cantor, enviou um e-mail na noite desta terça-feira (05) ao demais integrantes da associação, entre eles Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, informando a decisão. "Caminhamos bastante e divergimos algumas vezes. Sabemos que, no futuro, tudo isso será um grande exemplo de movimento coletivo", escreveu Dody na mensagem.
O livro