O diretor Luciano Callegari se tornou assunto no último final de semana após uma entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. Apontado como o melhor amigo de Silvio Santos, ele detalhou o último encontro com o apresentador, cinco meses antes de sua morte, disse que Eliana "não é estrela de primeira grandeza" e fez severas críticas à nova gestão do SBT, emissora que ajudou a construir nos anos 1980.
Luciano trabalhou com Silvio desde a década de 1950, na Rádio Nacional. Junto com o dono do Baú e Guilherme Stoliar, foi um dos fundadores do SBT e trabalhou por 19 anos no canal. A parceria chegou ao fim oficialmente em 2000, mas passou por desgastes desde 1997.
Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, Luciano se afastou da emissora em novembro de 1997, após o início do processo de reestruturação administrativa do SBT, determinado por Silvio no começo daquele ano. Antes superintendente artístico operacional, ele foi rebaixado ao cargo de consultor.
Silvio havia decidido centralizar todas as decisões sobre a emissora e estava à procura de um vice-presidente para responder diretamente a ele e cuidar da área administrativa da empresa. "Ninguém manda merda nenhuma lá. Vai ver se alguém assumiu. Assumiu? Só quem manda lá é o próprio Silvio Santos", disse Luciano, ao veículo.
Já fora do SBT, Luciano abriu o jogo sobre o fim da parceria com Silvio também em entrevista à Folha de São Paulo. Ele revelou não concordar com os planos do comunicador em atuar como executivo na emissora.
"Conheci o Silvio quando eu tinha 16 anos. Nos 40 anos que trabalhamos juntos, muitas coisas aprendi com ele, e ele, comigo. O Silvio sempre foi um homem de palco e eu, de bastidores. Só que um dia ele decidiu virar executivo, e não pudemos continuar juntos. Temos maneiras diferentes de administrar. Fiquei com a função de consultor, mas nunca fui solicitado. É a mesma coisa que aconteceu com o Boni na Globo, a diferença está no salário", alfinetou.
Discordâncias sobre o formato do jornalismo do SBT ajudaram a desgastar a relação de Silvio com Luciano. "O jornalismo não entusiasma o Silvio, porque, na maioria das vezes, além de ser caro, não dá a audiência para cobrir os custos. Ele não entende isso. Até na Globo, na época do Boni -não sei agora-, não era exigido que o faturamento cobrisse os custos. Esse talvez tenha sido o principal motivo dos desentendimentos entre mim e o Silvio. Eu não acredito numa emissora sem um jornalismo de primeira linha. O SBT começou a ser visto como uma rede de verdade no momento em que implantamos um jornalismo sério", afirmou o diretor.