No primeiro capítulo de "Saramandaia", que estreia nesta segunda-feira (24), Dona Redonda, a enorme personagem interpretada por Vera Holtz, vai criar uma confusão por não concordar com a mudança do nome da cidade de Bole-Bole para Saramandaia, sonho do vereador João Gibão (Sergio Guizé) para assim trazer novos ares à região. Fazendo o chão tremer, a corpulenta chega no meio de uma passeata e exige que o movimento tenha fim: "Vocês vão parar com esse fuzuê e vai ser agora!".
Bia (Thais Melchior) tenta em vão acalmar a mãe, entregando uma flor a ela, mas Redonda, revoltada, pisa com toda a força no presente. Em seguida dá uma encarada no prefeito, Lua (Fernando Belo), exigindo que a prefeitura limpe imediatamente a pichação feita pelos saramandistas na frente de sua casa.
A manifestação na cidade fictícia coincide com o mesmo momento enfrentado pelo Brasil, e vem mais coincidências por aí. Leandra Leal, atriz que tem sido vista com frequência nos protestos do Rio de Janeiro, encarna Zélia Vilar, uma das líderes do movimento saramandista.
Zélia e Bia tentam mostrar que não é pichação e sim grafite, porém, sem dar ouvidos às duas, Dona Redonda dispara bastante irritada: "A 'mocitude' quer é virar o mundo de cabeça pra baixo! Hoje mudam o nome da cidade; amanhã vocês vão inventar o quê? Me diz? (...) O prefeito tinha que proibir esse 'arruaçamento'! (...) Eu quero saber é quem vai desemporcalhar a parede da minha casa! Que custou os olhos da cara pra pintar!".
Com serenidade, Lua garante que a prefeitura vai limpar tudo, mas não deixa o desaforo de Dona Redonda passar em branco: "A única sujeira que não tem jeito de desemporcalhar é a sujeira da consciência".
Entre tantos acontecimentos inacreditáveis e muita discussão entre bolebolenses e saramandistas, os maiores conflitos começam quando Cazuza (Marcos Palmeira) se exalta e literalmente coloca o coração pela boca, até tenta engoli-lo de volta, mas fracassa na tentativa.
Zico Rosado (José Mayer) aproveita a oportunidade da morte do primeiro bolebolense para convencer à população de que a culpa é dos saramandistas. Ele então marca um comício na praça central da cidade na mesma hora do cortejo fúnebre de Cazuza para comover o povo. É nesse momento que Zélia convoca os companheiros para a manifestação e lança jatos de tinta nas cores de Saramandaia.
O susto ainda aumenta com o vento forte e o ronco do motor de um helicóptero que pousa em plena praça, apavorando os presentes. De dentro dele, sai Vitória Vilar (Lilia Cabral), que estava fora da cidade há 30 anos, com seu filho caçula Tiago (Pedro Tergolina). Zico a namorou na adolescência e, atordoado, nem percebe que, na confusão, o caixão acabou caindo e se abrindo com o impacto. Quando as coisas se acalmam, todos veem Cazuza, de pé, sem entender nada do que estava acontecendo.