Depois de 78 dias de confinamento, o "Big Brother Brasil 15" chega ao final na noite desta terça-feira (7). Cézar ou Amanda. Um deles levará para casa o prêmio de R$ 1,5 milhão e mudará totalmente de vida. Em meio à correria dos preparativos para o encerramento, Pedro Bial abriu uma brecha na sua agenda e conversou com exclusividade com Purepeople. Confira a seguir o balanço que o apresentador faz desta edição.
Purepeople: Antes desta edição começar, foi prometida uma volta às origens, com pessoas absolutamente comuns, que poderíamos encontrar no nosso cotidiano. E a audiência respondeu, com índices maiores que os do ano passado. Acha que foi fruto disso?
Pedro Bial: O elenco realmente foi extraordinário. Valeu à pena fazer uma seleção criteriosa e exaustiva, isso funcionou. O 'BBB15' também renovou o formato, aliando o confinamento mais rigoroso, visto nas primeiras edições, com a experiência na captação artística e técnica das imagens. Foi primorosa, acompanhamos as histórias. E eram histórias com uma crueza que só a teledramaturgia do reality show pode produzir. O roteiro do relacionamento entre Amanda e Fernando, por exemplo. Um ficcionista não teria coragem de escrever tal coisa.
Purepeople: Ao citar a crueza das histórias, fica impossível não falar da Tamires, que pediu para deixar o programa após beijar o namorado da amiga que já tinha sido eliminada.
PB: (Risos) Isso foi sensacional! Foi a segunda desistência por causa de um beijo no escuro. No 'BBB3', o Dilsinho Mad Max desistiu após dar um beijo no escuro na Joseane. No programa ao vivo, eu perguntei para ela se o beijo tinha sido bom. E ela respondeu: 'não sei, estava escuro' (risos). A Joseane falou isso e o cara desistiu uma hora depois! A Tamires também desistiu por causa de um beijo no escuro! Lição: beijo no escuro é um perigo (risos)!
Purepeople: E a Tamires foi convidada para a final, né? Isso não aconteceu com outros desistentes, como o próprio Dilsinho e o Bambam, no 'BBB13'.
PB: Ela ficou muito mais tempo que eles. E o 'Big Brother', às vezes, tem suas fraquezas e pode ser bonzinho.
Purepeople: O confinamento mais rigoroso citado por você se refletiu nos paredões. Ao contrário das últimas edições, os familiares dos participantes apareceram somente uma vez: na disputa entre Cézar e Mariza.
PB: Mostrar os parentes é um recurso que temos. Mas, no 'BBB', funciona tudo aquilo que não é protocolar, burocrático. Se tiver o momento exato de chamar a família, perde o sentido. No caso de Cézar e Mariza, havia um estranhamento que justificava aquilo. De um lado, um pai muito humilde, que fez tudo para dar instrução ao filho. Do outro, um filho que teve instrução porque a mãe sacrificou várias coisas em nome disso. Ela deixou de pagar plano de saúde para dar uma escola de qualidade aos filhos. Havia um sentido e foi o momento mais emocionante da temporada.
Purepeople: E o mais marcante?
PB: Tivemos muitos, mas cito a entradas das loiras, no segundo dia. A relação inicial entre Amanda e Fernando, aquela coisa intensa, durou 12 horas! Eles entraram na casa às 23h do dia 20 de janeiro e a Aline entrou às 13h do dia seguinte. Foi um momento marcante. Quando as loiras entraram, a Amanda olhou para elas e sentiu que o bicho ia pegar (risos)!
Purepeople: Fernando e Amanda foram os protagonistas desta edição?
PB: Eles foram os protagonistas de um núcleo, o do romance. Aliás, eles e a Aline também, no estilo 'Rebecca, a Mulher Inesquecível' (filme do cineasta Alfred Hitchcock, de 1940). Ela 'morreu', foi embora e continuou o tempo todo ali. Era a presença da ausência. Mas você também tem que incluir Adrilles e Mariza na lista de protagonistas. A participação deles foi extraordinária, trouxe um conteúdo que poucas vezes tivemos, se é que tivemos em outras edições. Foram grandes destaques.
Purepeople: No discurso de eliminação da Mariza, você demonstrou uma certa emoção. Chegou a fazer uma pausa. Você torcia por ela?
PB: Para mim, quem for campeão está bom. Mas eu queria que ela tivesse ido mais longe. A Mariza tinha feito por onde para isso. Ela sobreviveu a um ambiente hostil. No conflito de gerações, sofreu muito deboche. Então, acho que ela merecia ir mais longe. Até uma final, de repente.
Purepeople: O Adrilles errou ao não defendê-la? Ele votou no Cézar, que foi para o paredão com ela. Se tivesse votado no Fernando, a Mariza provavelmente teria ficado.
PB: Não dá para apontar o dedo. Seria muita folga nossa julgar o que eles poderiam ter feito ou não. Mas, sem dúvida, os laços dele de afeto com a Mariza eram muito mais evidentes do que os com o Fernando. Mas o Adrilles não estava ligando muito para o jogo. Ele estava ali para viver, se encontrar. Não pensava estrategicamente. E essa postura também é absolutamente respeitável. Até porque ele mesmo foi vítima dessa postura (ao escolher ir para o paredão com Cézar e não com Fernando).
Purepeople: Essa também foi uma edição com mais sexo. Os participantes de hoje em dia entram com menos pudores do que os das primeiras edições?
PB: Não só isso. O público também está com uma percepção mais tolerante disso. Em 2002, quando teve sexo, houve uma reação pública. Hoje, isso é encarado com mais naturalidade, também pela forma como captamos essas imagens. Elas ajudam a contar uma história de amor, não são exploradas no aspecto explícito. Pela primeira vez, o sexo também foi esperado. Com a reaproximação entre Amanda e Fernando, as pessoas ficaram aguardando o dia em que eles transariam.
Purepeople: Francieli, a primeira eliminada, deixou o programa depois que o Marco levou para a casa informações externas. Ele teve esse 'privilégio' porque foi selecionado depois que os demais, em substituição a um desistente. Foi uma falha da produção em não impedir isso ou foi proposital, para movimentar o jogo?
PB: Proposital, não. Nunca é desejável para a gente que alguém venha com informação de fora e a use de forma tão brutal. Tínhamos que substituir o Rogério e corremos esse risco, não havia outra alternativa. E não sabíamos o quanto o Marco havia se informado antes de entrar. Mas, na verdade, foi ele quem correu riscos demais. Me surpreendeu um jogador de pôquer abrir todas as cartas no primeiro lance. No momento em que o Marco expôs a situação daquele jeito, ele se expôs também e saiu logo depois. Foi uma jogada precipitada.
Purepeople: Você se irritou com o Luan no episódio do roubo do chiclete? Mesmo com as imagens gravadas, ele negou o fato.
PB: Essa é uma situação curiosa. Criaram 'memes', disseminando a frase 'amor, tá gravado'. E eu nunca falei isso. Eu disse: 'meu amor, a gente acabou de assistir as imagens e vimos'. Não me irritei, pelo contrário. Falei com o maior carinho, até porque era uma bobagem. Fui até meio paternal.
Purepeople: O que explica a longevidade do programa no Brasil? O povo brasileiro é mais voyeur que os demais?
PB: (Risos) Não. A longevidade também tem em outros países, mas não com esse nível de audiência e sucesso. Fazemos televisão muito bem, pegamos o formato e o ampliamos. Fazemos tão bem que ele está se tornando um produto mais arrebatador. E o brasileiro tem uma intimidade com o audiovisual. Todo mundo acha que entende de edição, é como técnico de futebol. E isso é bacana, são torcidas apaixonadas falando de linguagem televisiva.
Purepeople: Mas ainda hoje, mesmo com tanto tempo no ar, há aqueles que criticam o formato.
PB: Essas resistências estão cada vez mais gastas, ridículas. Ficou até meio patético falar mal do 'Big Brother'. As pessoas que falam mal do 'BBB' estão absolutamente informadas. Detestam aquilo, mas estão a par de tudo o que está acontecendo. As pessoas assistem e mesmo assim dizem que não gostam. Já foi assim com novela, com o Chacrinha... Estamos em boa companhia. Deixe o tempo passar.
Purepeople: Para encerrar, você acha que há algum participante na atual edição com potencial para virar uma nova Grazi Massafera ou Sabrina Sato?
PB: Uma Grazi e uma Sabrina não surgem assim toda hora. São coisas muito especiais. Mas surge cada um no seu tamanho. Vamos ver o que vai dar... Nesse elenco, com potencial para a indústria do espetáculo, não vejo ninguém. Posso estar enganado... (pensativo) Mas talvez o Cézar! Como radialista ou como político, se é que ele vai seguir essa carreira. A Amanda talvez, no ramo dos cosméticos. O próprio Adrilles poderia muito bem trabalhar com comunicação. Não sei se à frente das câmeras apenas, mas também escrevendo. É um cara que tem formação para isso.
(Por Anderson Dezan)