Portadora de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), Amanda (Pally Siqueira) realizou uma série de desejos na novela "Malhação: Vidas Brasileiras" inclusive seu casamento, em cadeira de rodas, com Kavaco (Gabriel Contente). Ao Purepeople, a atriz sugere que o final de sua personagem não deve dos melhores. "O telespectador vai ter que reservar muitos lencinhos ainda. A história ainda não acabou. O desfecho vai ser forte como toda a história dela tem sido. O melhor para a Amanda será feito da melhor forma possível e da forma mais linda possível", antecipa uma das 17 protagonistas da atual temporada da trama adolescente.
Com o primeiro papel de destaque na TV, Pally conta não ter sido pega de surpresa com os desdobramentos da história de Amanda. "Assim que eu fiquei sabendo que ia fazer a personagem, já sabia os desafios que seriam, que eu iria enfrentar para dar a vida, mas não imaginei que seriam tão fortes, tão intensos de serem vividos", pondera. A pernambucana revelada em "Totalmente Demais" (2016) recorda quando usou em cena a cadeira de rodas pela primeira vez por conta da estudante do Sapiência. "Eu desabei no choro. Foi muito forte e tive que pedir um tempo pra direção. Fiquei isolada antes de me verem na cadeira, me acostumando por um tempo com essa ideia, me adaptando... Era mto louco, porque a qualquer momento que quisesse, eu podia levantar", relata. "Mas quando piso no set, já piso como Amanda e já ficava na cadeira, o tempo inteiro. Eram desafios bem fortes, a cada etapa que a doença ia evoluindo procurei encarar da melhor maneira possível. Da forma mais digna, sem vitimização, coitadismo. Enfrentando todos as dores de estar ali", completa a ex de Fabio Assunção.
Seja pelas redes sociais ou pelo contato direto com o público, Pally vem tendo o retorno do público. Inclusive por pessoas que confundem ficção com realidade. "Recebo muitas mensagens diariamente de quem tem a doença, de familiares. Ou de quem perdeu pessoas com a doença. Nas ruas sou abordada por pessoas que dizem 'nossa, você não tem a doença. Achei que tivesse'. O retorno é sempre muito positivo. Foi uma personagem que caiu no gosto da galera. O povo sofre junto, se emociona junto, comemora as vitórias dela junto. Isso é muito bom", festeja a atriz, que aderiu aos dreds para compor o visual da garota.
A lista de desejos de Amanda tanto a aproxima como a distancia de sua intérprete. "Nós duas já conseguimos fazer uma exposição, mas eu ainda não tenho a ambição de lançar livro e nem de ter filhos. Faculdade de Medicina passou pela minha cabeça sim, mas fiz de Psicologia, só que meu foco era todo nas biológicas", diz. "Só que o destino chama a gente e o meu me chamou pelo braço e falou 'vem, teu lugar no braço'. Os outros desejos são bem particulares da Amanda. A Pallly não tem tanta coisa em comum com a Amanda", frisa a atriz, cuja carreira acumula ainda passagens pelo cinema.
Para ela, o maior desafio atende mesmo pelo nome de Amanda. "É até agora a minha personagem mais completa e complexa. Ela me deu a possibilidade de mudar tudo: minha voz, meu corpo... Mudei tudo para construir a Amanda, para dar lugar a ela", aponta. "E ela cheia de camadas. A cada nova fase que ia aparecendo um novo sintoma, um novo elemento era acrescentado no meu corpo. Ter essa consciência corporal foi um dos presentes incríveis que ela me deu. Aprendi com ela! Antes, usava muito as mãos para falar, era expansiva até na atuação. Ter esse controle de atuar apenas com os olhos, com o mínimo de movimento, porém trazendo uma força muito forte de dentro foi o ganho incrível", comemora Pally. A atual temporada deve se despedir dia 15, sendo substituída por "Toda Forma de Amar", que reúne no elenco a filha de Lilia Cabral.
(Por Guilherme Guidorizzi)