A morte da influenciadora Aline Ferreira levantou um forte debate nas redes sociais sobre o risco dos procedimentos estéticos feitos de PMMA. Em junho, a modelo passou pela intervenção estética pelas mãos da biomédica Grazielly Barbosa e acabou morrendo após infecção generalizada no hospital privado da Asa Sul, no dia 29 do mês passado.
Testemunhas informaram à polícia que Aline Ferreira começou a ter febre e dor na barriga e, ao entrarem em contato com a clínica, a jovem foi recomendada tomar apenas um remédio para dor de cabeça.
Após negar aplicação de PMMA e afirmar ter usado bioestimulador, Grazielly foi presa em flagrante por aplicar polimetilmetacrilato e não ter o registro profissional no Conselho Regional de Biomedicina. Os policiais civis acionaram a Vigilância Sanitária de Goiânia, que compareceu ao local e interditou o consultório.
Biomédica especializada em estética avançada, Fernanda Cleter faz um alerta para o uso do PMMA no bumbum, assim como aconteceu com a vítima. "Os resultados são imprevisíveis ao longo prazo, pois pode gerar inflamações, nódulos e até necrose por causa desse processo inflamatório e ser algo que o organismo não reconhece e combate", diz em entrevista ao Purepeople.
Levando em consideração que ele é um material que pode se aderir a músculos e ossos, além de não ser absorvível, o PMMA pode causar infecções, como riscos de formação de coágulos, que podem interromper o fluxo sanguíneo das pequenas artérias e ocasionar diversas complicações vasculares, como por exemplo o AVC.
A profissional ainda explica que o certo é que o procedimento com PMMA seja feito apenas por médicos, mas que o próprio conselho de medicina desaconselha por ser inseguro.
"O PMMA é um produto barato e definitivo mas traz vários riscos, justamente por causa dessa fantasia de colocar algo que não vai precisar refazer. Desse modo, imagina por essa substância solta em um tecido, como a região glútea, que levanta, senta e se mexe? O organismo reage como um corpo estranho, então gera uma resposta inflamatória", conta.
Fernanda Cleter, que atende em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, afirma que existem outros produtos biocompatíveis e seguros para "empinar" o bumbum.
"Com o avanço da tecnologia, é possível realizar diversos procedimentos que promovem o volume e tratam a flacidez dos glúteos, como o bioestimulador. O Sculptra, do qual Sabrina Sato é adepta, inclusive, pode ser usado no corpo todo por ser absorvível, compatível e seguro. Além de deixar o bumbum mais firme, traz sustentação", afirma ela, revelando que o tratamento varia em média de R$ 1.800 a R$ 2.500.
Outra opção para preencher o glúteo, segundo Cleter, é o ácido hialurônico, que não causa risco para a saúde. Com duração em torno de 18 a 24 meses, esse procedimento pode chegar a R$ 5 mil.
"Claro que, assim como qualquer procedimento estético, é preciso se recuperar, mas normalmente é muito tranquilo. O paciente é liberado em 48h pra atividade física e seguir com o tratamento para buscar o resultado desejado. O importante é primeiro entender o que é buscado para, em seguida, direcionar o protocolo", finaliza.