Marcada por comportamento controverso de seus atores nos bastidores, a novela mexicana "Carrossel" (1989/1990) se tornou um fenômeno de audiência no SBT entre 1991 e 1992 quando foi ao ar pela primeira vez. Agora, depois de mais de 33 anos e três versões - incluindo a nacional de 2012/2013 -, a Globo adquiriu os direitos da trama dos alunos da professora Helena na Escola Mundial.
O SBT comprou "Carrossel" por 300 mil dólares (na cotação de hoje, seria mais de R$ 1.710 milhão), abaixo dos 100 mil dólares que a Globo pagou para usar parte do filme "O Grande Ditador" na abertura de "O Dono do Mundo". Mas você sabia que antes do folhetim chegar ao SBT, a emissora líder teve a chance de comprar a novela e rejeitou?
Em 29 de junho de 1991, um mês após a estreia de "Carrossel", a "Folha de S.Paulo" relevava esses detalhes. ''Acho que 'Carrossel' nem foi vista na Globo'', disparou Marina Galliez, então vice-presidente da empresa Salles Vídeo Internacional e com experiência de 11 anos na área internacional da rede carioca citando a novelinha infantil onde atrizes dublaram meninos.
Se por um lado, a emissora líder esnobou a professora Helena, por outro adquiriu a venezuelana "Cristal" (1985/1986). "Tem coisas que não são exibidas na Globo. Eles compraram a novela para que outros não comprassem'', resumiu Daniel Filho, em seus últimos dias como diretor do canal.
"Cristal", por sua vez, teve sua versão mexicana exibida pelo SBT no final da mesma década de 1990 ("O Privilégio de Amar"). A emissora de Silvio Santos (1930-2024) ainda produziu outra versão, igualmente batizada de "Cristal" (2006). Já o original por pouco não foi parar na TV Gazeta, na época parceira da Globo.
Assim como ocorreu com a versão nacional, em 1991 o SBT também se deu bem com a novelinha na medição de São Paulo. No final de junho enquanto "Carrossel" atingia pela primeira vez 30 pontos com 26 de média (recorde até então), o "Jornal Nacional" alcançava 39 de média, índices considerados muitos baixos para a época.
Já nos primeiros dias de 1992, "Carrossel" perdia fôlego e ficava com 11 de média, enquanto a Globo subia para a casa dos 50 com "Pedra Sobre Pedra". Só em 20 de abril daquele ano que foi exibido o capítulo final da história mexicana, que seria reprisada em três oportunidades sem repetir os índices históricos.