Há 15 anos, o mundo do funk exportou para a mídia nacional um verdadeiro hortifruti com o estouro das mulheres-frutas: a Melancia deu fama a Jaca, que fez surgir uma Moranguinho e nem mesmo o açougue ficou de fora com a ascensão da Filé. Todas fizeram bonito com inesquecíveis aparições em sites e jornais da época, mas nenhuma conquistou a longevidade de Renata Frisson, a Mulher Melão.
Melão ganhou fama no Carnaval de 2008 ao desfilar como destaque da Vila Isabel. Naquele ano, tornou-se dançarina do MC Frank, que escreveu em homenagem a ela o hit "Bota o melão para quicar". O apelido, claro, é autoexplicativo: a famosa ostenta próteses de silicone de 360 ml.
Melão transitou por diferentes âmbitos do mundo do entretenimento: posou nua três vezes, fez uma participação em uma novela das 20h da TV Globo, viralizou um hit no "Pânico na TV" e engrossou a lista de celebridades que já se candidataram a um cargo político. Aos 36 anos, ela se consagra como uma das maiores vendedoras de conteúdo adulto da atual geração.
O Purepeople conversou por telefone com Melão, que entregou segredos do trabalho do OnlyFans, revelou os bastidores dos ensaios polêmicos (e icônicos!) e refletiu sobre sua presença já debutante na mídia. O bate-papo a seguir é uma excelente oportunidade de conhecer a mulher por trás da figura. Confira!
Purepeople: Melão, vamos falar um pouquinho dos seus ensaios icônicos?
Mulher Melão: Nossa, muito bom. Eu sempre gostei de trabalhar assim, com criatividade e fazer algumas loucuras. Porque, com a minha experiência, eu vejo que homem gosta de mulher ousada. Então, eu gosto sempre de ousar, fazer coisas diferentes, coisas surpreendentes pra, justamente, poder encantar meu público, que é a maior parte masculino, é claro.
PP: Sim, eu ia perguntar justamente dessa sua criatividade nos ensaios. Como funciona a direção criativa desses ensaios? Você tem uma equipe que pensa com você ou pensa tudo sozinha?
MM: Olha, eu tenho mais equipe pra executar minhas loucuras do que pra criar junto comigo. Claro que sempre vem sugestões e tudo, mas geralmente a ideia principal vem da minha cabeça do nada, sabe? Eu boto eles doidos pra poder executar, igual agora o que eu fiz com cannabis. Eu queria, na verdade, numa fazenda de cannabis e descobri que no Uruguai era liberado. Aí eu já falei pra minha equipe ir atrás de uma fazenda, mas descobri que só tinha colheita no verão, então, tinha que esperar. Mas conseguiriam pra mim flores. Eu faço umas coisas, umas 'missão impossível' que não é fácil trabalhar comigo (risos).
A gente está com uma pauta muito importante aqui no Congresso sobre a legalização pra uso medicinal. Então, eu queria justamente chamar a atenção pra essa pauta, que eu acho que é importante. Tem pessoas que são salvas pelo uso da cannabis e a gente tá acostumado com aquela marginalidade, achar que é uma coisa ruim, que faz mal. Então, tudo na vida tem a dosagem de como é feito o uso, né? Então, eu quis fazer uma foto polêmica, bem à moda antiga, né? Antigamente, pra chamar a atenção, a gente usava o corpo com nudez. Então, eu quis fazer dessa forma pra chamar a atenção e passar uma mensagem positiva para alguém, de repente, que tá desesperado, sem saber qual caminho pode chegar, porque tem muitas doenças que são tratadas com CDP. Foi essa a minha intenção e aproveitei, claro, e fiz um ensaio sensual pro OnlyFans também.
PP: E como você sentiu a recepção desse ensaio? Deve ter sido uma coisa que dividiu bastante opinião, né? Como tudo que você faz.
MM: Engraçado, eu vi mais o lado positivo, Eu vi que as pessoas realmente pararam pra ler um pouco sobre a mensagem que eu queria passar. Claro que as pessoas que não leram e só viram a imagem julgaram da forma que quiseram. Eu vi muita gente falando assim: 'Cadê a Polícia Federal pra ir atrás dessa droga?'. Ali não é uma droga, é uma matéria-prima de um medicamento, né? E não foi numa comunidade do Rio de Janeiro, aliada com o traficante, foi uma coisa legalizada. Se a pessoa realmente leu, foi a fundo, viu que não tinha nada demais. Eu simplesmente quis passar a mensagem de que é um medicamento que tá salvando vidas, que não tem efeitos colaterais, que não causa vício e que realmente funciona. Eu tenho uma experiência aqui dentro da minha casa, que é a minha secretária. Ela tava quase tendo um infarto, parando direto no hospital com a pressão muito alta, a glicose muito alta. Desde que ela começou a usar esse medicamento, ela tá com pressão de criança, 12 por oito.
PP: Nossa, que legal! E, agora, a pergunta que não quer calar: o que foi feito com aqueles 50 quilos de maconha depois do ensaio?
MM: (risos) Eu devolvi pro produtor, aquela ali foi só pro ensaio e depois voltou pro local que é feito. E aí eu não sei o que ele fez com as flores do ensaio, mas eu devolvi. Não fumei como todo mundo pensou.
PP: Você disse que ficou milionária graças ao OnlyFans e chegou até ser a número 1 em venda de conteúdo adulto. Esses números ainda se mantêm?
MM: Ainda sou a número 1 do OnlyFans! É muito trabalho, muita dedicação, muita criatividade e muito foco. Porque as pessoas têm aquela mania de achar que vai abrir uma conta no OnlyFans, vai ficar muito rica e vai ser super fácil. Mentira! Vamos falar de fake news sobre conteúdo adulto. 'Ai eu vou colocar meu pé, eu vou colocar só isso e eu vou ganhar muito dinheiro': mentira! 'Nada vai vazar, vai ficar tudo ali e ninguém vai ficar sabendo': mentira! Tudo vai vazar, não é pé que vai dar dinheiro, você realmente tem que se expor, você realmente tem que gostar. Você tem que ter um psicológico muito bom, porque não tem jeito, vai abrir um grupo de WhatsApp, vai ter grupos Telegram, vai vazar e se não vazar é porque não tem ninguém (risos). Então, você tem que estar preparada pra isso, você tem que ter a cabeça muito boa e você tem que gostar de provocar, você tem que gostar de viver da sensualidade. Você não tem que ter pudor com seu corpo, porque é seu instrumento de trabalho e você tem que tratar isso como uma empresa.
PP: E se você fosse dar uma dica pra alguém que está tentando essa carreira e já percebeu uma queda no faturamento... O que você daria como dica essencial?
MM: Uma dica é que tem que rever o que está fazendo de errado, mas eu acredito que a maioria das pessoas não levam muito pro lado profissional. Precisa focar realmente como uma empresa, ter planejamento, ter foco, ter estratégia, porque nada sem planejamento e foco dá certo.
PP: Nos últimos meses, a gente tem visto Andressa Urach dominando as manchetes com os conteúdos um pouco mais explícitos, mais fetichistas. Queria saber qual a sua visão dessa coisa mais assim... Escancarada. E se você pensa um dia entrar nesse mercado.
MM: Não! Se pra ela está dando certo, ótimo, fico feliz. Ela tá ousando bastante, mas eu, por enquanto, tô feliz da maneira que eu tô e desejo felicidades pra ela também. Tudo depende da tua cabeça. Tua cabeça tá pronta pra isso? Ok! Vai segurar numa boa? Ótimo. Tá feliz? Se joga! Então, eu não tenho preconceito com nada nem com ninguém. O que importa é as pessoas serem felizes.
PP: E você, toparia fazer uma collab com ela algum dia?
MM: Não, por enquanto eu estou trabalhando em carreira solo (risos).
PP: Inclusive, falando em carreira solo, 2023 marca os 15 anos da febre das mulheres-frutas. Quando você e as outras meninas explodiram na mídia...
MM: Meu Deus, eu tô chocada! 15 anos, tô com uma criança de 15, Melãozinha fez 15 (risos). Menino, tô chocada como o tempo passa. Eu lembro como se fosse ontem, mas é engraçado. Eu vejo uma evolução incrível, sabe? Pra mim, o tempo aprimorou e eu me vejo muito mais sábia hoje em dia, porque eu era muito nova quando eu comecei e eu tive muitas experiências. É um prazer ter 15 anos sendo uma mulher-fruta, é lindo o trabalho. Realmente não é fácil, porque é aquela coisa: lançar todo mundo se lança, se manter que é difícil, então, se manter por 15 anos é algo muito forte.
PP: Então, eu ia te perguntar justamente isso, porque se manter 15 anos é muito difícil e dessa safra de mulheres-frutas, você é a que mais se manteve em relevância, ainda continua na mídia, nas manchetes, no carnaval. Qual o segredo para se manter relevante por tanto tempo?
MM: É se reinventar todo o tempo, sabe? Botar a criatividade pra trabalhar e nunca se acomodar, porque tudo no mundo é muito rápido, então, você tem que acompanhar. Eu sempre gostei. Eu acho que o segredo é gostar do que faz, porque se você não gosta, se você se nega, não vai funcionar.
PP: Dessa geração de personalidades da mídia que vem ali do finalzinho dos anos 2000, você foi a única que não se rendeu à "Fazenda". Eu tenho certeza que você já foi convidada. Por que você nunca aceitou esse convite?
MM: Gato, eu não sirvo pra ser presidiária do semiaberto. Não rola (risos). Eu prezo muito a liberdade, eu prezo muito a minha privacidade. Eu sempre tive isso, sabe? Ninguém sabe tudo a respeito da minha vida. Então, se eu entro na 'Fazenda', eu acho que quebra um pouco o encanto. Acho que você vai ter muita intimidade comigo e é algo que é muito valioso pra mim, a intimidade. Então, eu prefiro trabalhar dessa forma. Reality show, por enquanto, pra mim é sem condição. Eu gosto de assistir, gosto sim de ficar sabendo dos bafos, mas eu ser a marionete ali não rola.
PP: Você acha que isso também é fruto do seu trabalho nas plataformas? Porque, como você disse, você se expõe muito. Então, acho que talvez ficar de fora desse reality seja uma forma de preservar essa parte que você não expõe, né?
MM: Eu exponho muito meu corpo, mas eu não exponho minha privacidade. Ninguém sabe muito a meu respeito, do meu íntimo. Pra mim, não vale a pena eu ir pro reality show e me abrir por completo. Fora que eu teria um prejuízo tremendo, né? Eu aqui com o OnlyFans consigo ter uma renda boa. Meu preço é R$ 1 milhão, pra me deixar três meses fora da minha plataforma é o mínimo que eu pediria de cachê.
PP: E o que você conseguiu comprar substancialmente com esse dinheiro das plataformas?
MM: A gente compra muita coisa, mas também guarda, né? A minha profissão não é pra sempre. Então, por isso que eu tenho que aproveitar e correr contra o tempo, porque daqui a pouco eu mesma vou querer parar, daqui a pouco eu mesma vou falar: 'Chega, né? Já deu 15 anos, vamos dar uma segurada' (risos). Sempre fazendo investimentos seguros e pensando duas vezes antes de ficar gastando. E eu acho que é isso que tem que ser o pensamento de todas as meninas que trabalham com isso: fazer o pé-de-meia.
PP: E você também notoriamente reinveste no seu trabalho, né? Porque movimentar uma equipe para o Uruguai, por exemplo, para fazer o ensaio é algo que gera um custo. Eu acredito que tenha saído do seu bolso.
MM: Tudo sai do meu bolso. Eu falo que pra ganhar tem que gastar. Não adianta, você tem que investir. Não adianta achar que vai conseguir tudo. Eu não gosto de ficar trabalhando com permuta. Eu gosto de pagar tudo. Comigo é assim que funciona e sempre vai ser.
PP: E já tem um próximo ensaio em vista pra dar um spoiler?
MM: Ainda tô pensando, porque são tantas coisas que passam na minha mente, então, eu fico delegando pra poder conseguir. O primeiro que eu conseguir eu te falo (risos).
PP: Quer deixar um recadinho final para os seus fãs e os leitores?
MM: Ai, eu quero! Pros homens que querem se divertir, assinem meu OnlyFans, que é melaooficial. Com certeza, eles vão se surpreender a cada dia com muitas novidades!