Na véspera do dia em que a morte de Marília Mendonça completa um ano, a Polícia Civil de Minas Gerais realizou uma coletiva de imprensa para divulgar um relatório parcial sobre a causa do acidente de avião que matou a Rainha da Sofrência e mais quatro pessoas. A artista viajava em uma aeronave de modelo C90A, número de série LJ-1078, que pertenceu à dupla Henrique e Juliano antes de ser vendida para uma empresa de táxi aéreo.
De acordo com o delegado Ivan Lopes, o avião voava muito baixo e fora da área de proteção delimitada no aeródromo no momento da queda. Para posar em Caratinga, cidade de Minas Gerais onde Marília se apresentaria, a manobra padrão precisa acontecer dentro de uma área de 3 km em volta da pista, o que é caracterizada como a zona de proteção. Um piloto que estava no aeródromo testemunhou que o jatinho se afastou demasiadamente para realizar a tal manobra.
Os cabos de alta-tensão das torres de transmissão de energia não tinham sinalização porque estavam fora da área de proteção delimitada pelo aeródromo, o que ocasionou o choque com a aeronave que transportava Marília.
A investigação só será encerrada depois que a Polícia Civil analisar o laudo dos motores, que ainda estão indisponíveis. Assim, será possível concluir se o que ocasionou um voo tão baixo foi uma falha técnica na aeronave ou um erro humano. Outras hipóteses, como visão obstruída, condições climáticas ruins e mal súbito do piloto, já foram descartadas.
"A gente nunca vai saber por que o piloto se afastou tanto. No campo da especulação, se descartar problema no motor, talvez ele quisesse fazer uma rampa mais suave, para dar conforto maior para o pouso", disse o delegado.
O delegado ainda destacou que o piloto não fez contato com outros pilotos para se informar sobre procedimentos de pouso no local. Apesar de ser um profissional experiente, ele nunca tinha pousado na cidade mineira.
"É obrigatório fazer essa manobra dentro da zona de proteção do aeródromo? Não. O piloto tem a liberdade de entender o que ele precisa para pousar. Qualquer eventual obstáculo, se tiver, não vai mais estar no NOTAM [um documento disponível para todos os pilotos com informações para a segurança e regularidade dos pousos e viagens]. É por conta e risco dele, é o visual dele que vai orientá-lo", explicou Ivan.