Os comentários racistas feitos no Twitter tendo como alvo a cearense Melissa Gurgel não abateram a jovem, eleita Miss Brasil 2014 no último sábado (27). Em conversa com Purepeople, a mulher mais bonita do país apenas lamenta o preconceito das pessoas que criticaram o seu sotaque.
"Tenho orgulho dele, é a identidade de onde nasci. É uma pena que ainda haja esse tipo de comentário no Brasil. Os sotaques só reforçam a diversidade e a riqueza que existe no nosso país", diz Melissa, agradecendo o apoio popular recebido após a repercussão do episódio racista.
"Não tenho orgulho só de ser cearense, mas também de ser brasileira. E a mulher brasileira é guerreira, não se abate. Essas pessoas que fizeram esses comentários vão me conhecer aos poucos e ver que posicionamentos como esses não me afetam", completa a Miss Brasil.
Agora com a coroa, a jovem só pensa em se preparar para o Miss Universo que acontecerá em janeiro de 2015 nos Estados Unidos. "Quero levar para o concurso essa garra e o brilho da mulher brasileira. Não existe descanso, a meta é seguir em frente para alcançar o objetivo", diz Melissa, já apontada por listas como uma das favoritas entre candidatas do mundo inteiro.
Investigação
Os comentários racistas contra a nova Miss Brasil atacaram a forma de falar da jovem. Em uma das postagens feitas, uma internauta escreveu que a jovem é "bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível". Outra mensagem fez um alerta. "Lembrem de deixar a TV no mudo quando a Miss Ceará for dar a palestra dela no Miss Brasil do ano que vem".
Por causa dos comentários, o presidente em exercício da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), Ricardo Bacelar, assinou na segunda-feira (29) uma representação e notícia-crime junto ao Ministério Público Federal para responsabilizar os autores das mensagens no Twitter. O MPF vai avaliar a documentação e decidir, então, se apresenta ou não uma denúncia à Justiça.
"Não vamos permitir que venham nos destratar com essas colocações", diz Bacelar, ao Purepeople. "Apesar de haver liberdade de expressão nas redes sociais, há a lei que proíbe comentários depreciativos".
Segundo o presidente em exercício, o caso se enquadraria no crime de racismo. Se forem condenados, os autores dos comentários poderão pegar de 2 a 5 anos de prisão. "O crime de racismo não é só contra a raça em si, mas qualquer tipo de discriminação, inclusive, pelo modo de falar. Temos que defender nossa integridade como povo", afirma.
(Por Anderson Dezan)