Cabelos loiros com franjinha. O visual era sucesso nos anos 1990 e uma das responsáveis era Mariane, apresentadora infantil que prendia as crianças na frente da TV. Há 20 anos, ela assumiu o "Tudo por Brinquedo", na CNT, no lugar de Sergio Mallandro. Hoje, ela trabalha como mestre de cerimônias em eventos de empresas e segue usando o famoso corte.
Mariane Drombova começou muito jovem na TV. Aos 17 anos, já com uma carreira como cantora, ela estreou no SBT substituindo Simony no programa "Dó-Ré-Mi-Fá-Só-Lá-Si". A atração competia com o "Xou da Xuxa" em audiência e a apresentadora fazia shows por todo o Brasil. Porém, no ano seguinte, um telegrama com o comunicado de demissão chegou às mãos da menina no dia de seu aniversário. O motivo? Mariane cortou os cabelos no estilo Joãozinho.
"Tava tudo indo muito bem no programa. Eu era nacionalmente conhecida e a audiência no horário era ótima. Muitas vezes, eu empatava com a Xuxa, na Globo. Era uma coisa maravilhosa. Havia uma disputa muito grande do Ibope entre os canais e a verba no SBT estava apertada para os programas", lembra Mariane. "O público cobrava mudanças: no cenário, no figurino, novos desenhos e participações. E a produção não estava conseguindo. Eu precisava fazer algo e foi aí que decidi cortar os cabelos", continua.
"Vamos dizer que foi um momento de rebeldia. Não sabia o que fazer e mudei o visual. Eu fui muito imatura. Não tinha empresário, nem uma assessoria legal. Agi com meu coração e recebi a demissão como punição", relembra ela, que tirou uma lição disso tudo. "Com um tempo, eu percebi que o artista não é só uma pessoa, somos uma marca. A imagem conta muito".
Há 20 anos...
Foi necessário esperar um ano para voltar à TV. Em 1994, ela foi para a CNT para comandar o primeiro programa infantil do canal, o "Tudo por Brinquedo". Mariane substituiu Sergio Mallandro, que havia feito apenas um piloto, que não foi ar. Com os cabelos no ombro, a apresentadora encontrou liberdade na emissora. "Eu podia mudar, dar ideias... Foi importante para eu mostrar o que sabia fazer", afirma Mariane.
Música country
Ela continuou na CNT até 1995, quando o canal passou a investir em jornalismo e os programas de entretenimento perderam espaço. Foi para a Record, onde ficou menos de um ano, apresentando o "Tarde Criança com Mariane". Após este período, a apresentadora ficou quatro anos fora da TV e passou a se dedicar apenas à música, gravando um disco country.
"Não gosto de ficar rotulada. Não queria ser apenas uma apresentadora. O que eu nunca quis era ser um museu ambulante. Sou contra você parar no tempo. O artista tem que ser um pouco mágico. Se você tem qualidade pra fazer outras coisas, faça!", conta Mariane.
Devido ao country, ela voltou à CNT em 2000, para uma participação no programa de Eri Johnson, "Fui ao Vivo". Depois, foi convidada para apresentar duas atrações no mesmo estilo, "Country News Brasil" (UNITV) e "Fazendo Brasil" (Rede Mundial), mas os contratos terminaram em meses. Mariane chegou a se formar na faculdade de Letras e deu aulas por um tempo.
Nova fase
Foi em 2002 que Mariane encontrou sua nova profissão: mestre de cerimônias. Ela recebeu um convite de uma agente de comunicação e eventos. "Eu percebi que eu poderia fazer bem aquilo. Sempre gostei de falar para o público. Meu negócio é estar em cima do palco, não interessa se é na TV ou dando aula. Comunicação sempre foi meu forte", afirmou.
Momento triste
Em 2003, Mariane passou pelo maior trauma de sua vida. Aos 27 anos, o irmão caçula, Victor, foi encontrado morto dentro do armário onde morava no Brooklyn, nos Estados Unidos. Ele foi assassinado pelo colega de apartamento, Mickey Cass também de 27 anos, que foi julgado e pegou prisão perpétua.
"Eu e minha família ficamos duas semanas nos Estados Unidos acompanhando o julgamento. Um ano após o crime, ele foi condenado. Eu sei que isso não fará meu irmão voltar, mas é um consolo saber que esse monstro não assustará mais a sociedade. Se fosse no Brasil, não teria justiça. Ele já estaria solto por bom comportamento. Nos Estados Unidos não tem isso. Não dá nem para confirmar", desabafa.
De volta às origens
Passado um tempo do trauma, Mariane foi recontrata pelo SBT, em 2010, e cobriu a licença-maternidade de uma das cantoras do programa de Silvio Santos. "Foi um convite do próprio Silvio. O tempo vai curando as coisas. Entendi isso como uma reconciliação", avalia, lembrando o episódio do corte de cabelo Joãozinho.
Mais mulher
Em 2011, Mariane resolveu mudar. Para deixar para trás o corpo de menininha, da época de apresentadora, ela resolveu colocar silicone nos seios aos 38 anos. "Eu olha pra parte de cima e vi que faltava algo. Ainda me sentia um pouco adolescente. Sempre fiquei na mesmice do visual. Queria me sentir mais mulher e estou muito feliz", conta, animada.
Após a cirurgia, ela ganhou um ensaio de fotos sensuais para mostrar o resultado. Porém, as imagens foram parar na internet, o que deixou Mariane um pouco chateada. "Eu fiz as fotos só para guardar de recordação. Não foi nada vulgar. Não estava mostrando nada embaixo", reclama.
Vontade de voltar à TV
Mas a imagem de Mariane como apresentadora não sai da cabeça das pessoas, tanto que ela ainda recebe propostas de emissoras independentes. "Eu voltaria para um canal grande, onde eu tivesse estrutura para fazer meu trabalho. Voltaria mais madura, mais experiente. Antigamente, eu acreditava muito na verdade e perdi um pouco com isso. Hoje, é outra Mariane. É um sonho voltar. Sempre é", finaliza.
(Por Laís Fernandes)