A novela "O Rebu", que chegou ao fim nesta sexta-feira (12), ficará para sempre guardada na memória de Malu Mader. Com uma carreira na TV por mais de 30 anos, foi no folhetim das 23h que a atriz passou pela primeira vez para outro lado das câmeras. Durante as gravações, ela ocupou o "cargo" de estagiária da direção.
"Pedi a permissão e eles permitiram de forma muito generosa. Eu ficava simplesmente olhando, aprendendo. Não tinha obrigação de nada", relembra ela, em entrevista ao Purepeople. "Foi uma experiência que nem tenho palavras para descrever".
Segundo Malu, a inquietação para conhecer intimamente o funcionamento do outro lado das câmeras era antiga. Até então, as obrigações de atriz, como decorar o texto e entrar em cena, a impediam de observar os trabalhos de forma minuciosa.
"É impossível parar e olhar tudo, com detalhes. Mas sempre tive um olhar atento para o todo e, quanto mais fui caminhando na minha trajetória como atriz, mais fui percebendo que gostava do processo como um todo, não só atuar".
Do que Malu observou e aprendeu, ela só guarda aspectos positivos. "O Zé Luiz (Villamarim, diretor de núcleo) imprimiu um equilíbrio absurdo de forças no elenco. Era muita vocação e presença em cena! Uma coisa de doido... A cada um que entrava você ficava maluco! E eu tive o privilégio de ver tudo isso de pertinho, como se fosse uma pessoa espiando os outros transando", brinca, rindo.
Impressões
Durante o estágio, Malu participou do início das gravações na Argentina e de uma parte no Projac, os estúdios da Globo no Rio. "Como não estava colocando a mão na massa, só observando, houve um momento em que resolvi me retirar para não atrapalhar. Achei que já tinha aprendido e olhado bastante", conta ela.
Duas coisas no processo de aprendizado a impressionaram. "Fiquei curiosa para saber como todo o material gravado em Buenos Aires seria colado com o esquema industrial daqui, de TV aberta, com várias cenas por dia. Isso é incrível", elogia a atriz.
"Outra coisa que chamou minha atenção foi como os atores desse trabalho estavam bem escalados. O Zé Luiz estava muito certo de suas escolhas e, por isso, os atores se sentiam muito bem naquele espaço, sabendo que estavam fazendo algo especial. Esse é um tom que o diretor dá", analisa.
Futuro
Com o fim de "O Rebu", Malu quer novos estágios com outros diretores. "Gostaria de ver o trabalho do Luiz Fernando Carvalho de perto, por exemplo. Ele tem uma marca muito especial, autoral, e fez o trabalho que mais gosto na TV Globo, a minissérie 'Os Maias' (2001)", cita ela sobre o diretor, que conduziu recentemente a novela "Meu Pedacinho de Chão".
Dennis Carvalho, que dirigiu Malu em inúmeros trabalhos, como "Anos Rebeldes" (1992), Celebridade" (2003) e "Sangue Bom" (2013), também está na lista da atriz. "Seria interessante. Eu o conheço muito de perto, né? A vida inteira o vi trabalhando (risos)", diz.
E nesse caminho trilhado há um objetivo claro: não só se tornar diretora, mas também parar no cinema. "É o que sempre quis, mas ainda vai demorar", admite. "Sou ambiciosa e, no fundo, quero escrever e dirigir. Não tenho vaidade de dirigir sozinha, mas queria participar da produção de algo do começo ao fim. Quero colocar para fora minhas impressões artísticas e criar com amigos".
Um parceiro para o roteiro, pelo menos, ela já tem em casa. O marido, Tony Bellotto, é autor de nove livros e duas de suas obras, "Bellini e a Esfinge" e "Bellini e o Demônio", já foram adaptadas para o cinema. Malu, inclusive, participou do primeiro filme. "É um desejo nosso fazer algo junto", adianta ela.
E como seria Malu como diretora no cinema? Algo como Woody Allen, atuando e dirigindo? "Depende do projeto, mas gostaria, sim, de fazer as duas funções. Deve ser gostoso falar aquilo que você tem vontade de falar, inventar algo e dizer. Nos filmes do Woody Allen, ele faz a piada no tom certo que ele deseja. Ninguém melhor, né?", brinca.
(Por Anderson Dezan)