De barba e cabelos levemente grisalhos, Hélder Agostini dificilmente será reconhecido quando aparecer como o personagem Micah, no episódio "O cego de Backside", da série "Milagres de Jesus", exibida pela Record. O ator, que despontou para o sucesso ainda criança como Fernandinho, conhecido como FM e irmão de Cabeção (Sergio Hondjakoff), em "Malhação Múltipla Escolha" (atualmente é reprisada pelo canal Viva), volta à TV após passar três anos fora do ar.
"Ganhei uma bolsa de estudos na faculdade e me permiti ficar um tempo me dedicando aos estudos. Fiquei um ano na França e depois em Montréal, no Canadá", explica o ator, de 24 anos, em entrevista ao Purepeople.
Este ano, Hélder se formou no curso de comunicação social, com especialização em cinema e teatro, na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Como trabalho de conclusão, ele produziu e dirigiu o documentário "Quilombo Kalunga", que pretende lançar em circuito nacional. Para as filmagens, Hélder e o amigo Renato Naber tiveram que ficar vinte dias em uma mata fechada na Chapada dos Veadeiros, localizada na região nordeste do estado de Goiás.
"Falamos sobre refugiados da escravidão que construíram uma verdadeira cidade no meio do nada. São 200 mil hectares de terra e muita história para contar", conta empolgado o carioca.
Estrela mirim
O ator tinha apenas 10 anos quando participou de "Malhação". O personagem FM caiu no gosto popular e fez grande sucesso. Da época, ele se lembra com carinho das brincadeiras nos bastidores e da parceria com o Marcos Paulo (morto em 2012), que era diretor de núcleo da trama e também o responsável por sua estreia na TV, em "Meu bem querer" (1998). Eles ainda trabalharam juntos na novela "Força de um Desejo" (1999).
"Eu tinha um respeito pessoal e profissional muito grande por ele. Marcos tinha fama de ser difícil, mas comigo sempre teve uma boa relação", relembra o ator que permaneceu na trama por quatro anos.
Com Sérgio Hondjakoff, o eterno Cabeção, formou uma dupla impagável. Mas com o final das gravações e da convivência diária, eles perderam o contato. "Ele é uma pessoa muito querida, mas raramente nos encontramos", lamenta Agostini.
Sucesso em dois tempos
Em 2010, ele voltou à "Malhação" e conseguiu a proeza de fazer sucesso na mesma trama, mas com um papel diferente. Já adolescente, ele deu vida ao estudante Marcelo, em uma das temporadas de maior sucesso da novelinha teen. Os atores Caio Castro, Sophia Abrahão e Humberto Carrão também ganharam notoriedade na mesma atração.
"Foi um trabalho muito bacana e fiz amizades para vida toda. Humbertinho, por exemplo, é meu irmão. Estamos sempre juntos!", descreve a amizade com o ator que vive Davi, em "Geração Brasil".
O último trabalho de Hélder na TV Globo foi na novela "Escrito nas Estrelas", em 2010, mas ele não lamenta a sorte. Durante o tempo em que passou afastado da TV, Hélder nunca deixou de atuar. No teatro, fez peças aclamadas pela crítica como "O olho azul da falecida", que também trazia Marco Pigossi no elenco, e uma adaptação da peça de Tchekhov, "As Três Irmãs", criada pelo ator, dramaturgo e diretor francês Vincent Macaigne.
Ao contrário de muitos atores que começaram pequenos na TV, ele garante que nunca enfrentou dificuldades para conseguir bons papéis e que a decisão de ficar afastado foi uma opção consciente.
"Nunca achei que estava perdendo o meu tempo investindo no estudo, em especialização... Ainda sou novo e agradeço as boas oportunidades que tive. Sou feliz com as escolhas que fiz", afirma o ator, que estreia no final do ano a peça "Fazendo História", no Rio de Janeiro.
(Por Renata Mendonça)