Os comentários preconceituosos direcionados à Maria Júlia Coutinho, apelidada carinhosamente de Maju por William Bonner, tem causado indignação entre os famosos. Depois do apoio de Bonner, Renata Vasconcellos e da equipe do "Jornal Nacional", foi a vez de Glória Maria sair em defesa da 'garota do tempo'. Primeira repórter negra da TV brasileira, Glória já sentiu na pele os efeitos da discriminação racial. "O que eu digo para Maju é que ela vá em frente e não desista nunca, porque é isso que os racistas querem, que a gente fraqueje e desista. Mas que ela fique mais forte com essa experiência e siga adiante", disse a apresentadora do 'Globo Repórter' em entrevista ao colunista Bruno Astuto da revista "Época".
Gloria contou ainda foi vítima de racismo nos 10 anos em que apresentou o "Fantástico", de 1998 a 2007. "Essa é a prova do que eu sempre disse, que o racismo nunca vai acabar. O que ela está passando hoje, eu vivi no Fantástico. Recebia os comentários por cartas e, depois, por e-mails. Não era uma declaração pública e vinha diretamente a mim, atingia a minha alma e meu coração. Hoje atinge o Brasil. A diferença é essa. Eu tinha que aguentar o tranco sozinha. Isso que ela está vivendo é a normalidade do brasileiro. Mas nunca fraquejei, nunca desisti".
Recém-chegada de uma viagem pela Áustria e pela Suíça, a jornalista, que garante ter apenas 55 anos, afirmou que o Brasil é o país mais racista do mundo. "Posso dizer isso literalmente pela minha própria pele. Acabei de voltar desses dois países, onde você praticamente não encontra pretos pelas ruas, e as pessoas são gentis e delicadas, pedem pelo amor de Deus que você fique mais um pouco. O Brasil é um outro planeta nesse sentido".
Entenda o caso
A página oficial do JN no Facebook publicou uma foto de Maria Júlia com a previsão do tempo na região central do Brasil. Foi o suficente para uma enxurrada de comentários preconceituosos em relação a ela: "Em pleno século 2015, ainda temos preto na TV", disse um. "Só foi ela chegar aqui e o tempo ficou seco igualmente a um carvão em cinzas", disparou outro. Maju respondeu um dos inúmeros comentários em sua conta no Twitter. "Beijinho no ombro", escreveu para um internauta.
A comoção a favor da jornalista - já elogiada pelo marido de Fátima Bernardes - gerou a hastag 'somostodosMaju', num vídeo gravado pelo editor-chefe do telejornal. Até agora, o vídeo teve mais de um milhão de acessos e 24 mil compartilhamentos.
Maju relembra que já foi vítima de racismo: 'Não me abalo'
Essa não é a primeira vez que Maju é alvo de preconceito racial. A jornalista, que se sente à vontade em trabalhar com Bonner, está na TV Globo há dois anos e não fica indifente às críticas. Quando é uma crítica ao meu trabalho, a uma expressão errada, eu procuro responder. Se é uma bobagem, eu não ligo. Mas se a crítica é racista e cerceia meu direito de liberdade, não deixo passar. Mas não me abalo. Gosto do meu cabelo crespo".
(Por Camilla Gabriella)