A novela 'Despedida de Solteiro' finalmente chega ao catálogo do Globoplay. Prevista para estrear a partir do dia 22 de abril pelo Projeto Resgate, a trama abordou de forma velada um assunto bastante delicado: a morte do personagem por Aids.
A história do horário das seis gira em torno de quatro amigos: João Marcos (Felipe Camargo ), Pedro (Paulo Gorgulho), Pasqual (Eduardo Galvão) e Xampu (João Vitti). Na trama, o personagem de Felipe Camargo está prestes a se casar com Lenita (Tássia Camargo), mas durante sua despedida de solteiro, uma moça chamada Salete (Gabriela Alves) aparece morta e ele é preso ao lado de seus amigos.
Na novela que antecedeu 'Mulheres de Areia ' em 1993, que acabou de ser reprisada no 'Faixa Especial da Globo', João Vitti, pai de Rafael Vitti , dava vida ao personagem Xampu, que contrairia HIV na cadeia, mas o desfecho do personagem foi alterado para não prejudicar a população.
"O Xampu morreu de Aids, mas isso nunca ficou claro na trama. Não sei se foi alguma questão interna ou se foi porque era uma novela das seis, mas ele morreu porque na época a proposta do autor era abordar a questão da Aids de forma discreta", relembrou o ator em entrevista ao Gshow, em 2019.
"Não existia uma atenção a isso, então acredito que a proposta do Walther Negrão era jogar luz sobre essa questão prisional que estava acontecendo", comentou. "A novela foi em 1992, a Aids começou a pipocar em 1985, e em 1990 estavam morrendo pessoas, eu perdi alguns amigos", continuou o artista.
Na época, o autor Walther Negrão queria ressaltar a alta incidência do vírus da Aids junto à população carcereira, cujo laboratório foi visitar presídios brasileiros. No entanto, o fim de Xampu foi fazer com que contraísse hepatite B numa briga de faca. "Foi uma experiência marcante. Achei que a novela poderia funcionar como um alerta para a precária situação dos presos aidéticos. A TV pode e deve fazer esse merchandising social. Mas, na época, a Globo censurou a minha ideia, com o argumento de que o tema seria um 'voduzão' para uma novela das 18 horas", disse Walther Negrão ao livro Autores – Histórias da Teledramaturgia.