Desesperado para alcançar o espírito do filho, Martim (Lee Taylor), no barco fantasma Gaiola Encantado, Afrânio (Antonio Fagundes) vai desaparecer após mergulhar no rio São Francisco, nos últimos capítulos da novela "Velho Chico". Cícero (Marcos Palmeira) que acompanha o patrão na jornada acredita que o Saruê pode estar morto ao encontrar, boiando, sua peruca e roupas extravagantes.
Mas o sumiço do coronel, a essa altura arrependido dos seus atos e apresentando sinais de loucura, vai durar pouco tempo e logo depois, no mesmo capítulo, ressurge das águas com um visual repaginado, se assemelhando ao Afrânio jovem (Rodrigo Santoro na primeira fase do folhetim). "Respira como quem buscasse ar após uma vida submerso dentro de si. Sua imagem sem peruca e excentricidades do Saruê, remonta aquele Afrânio de idos tempos do passado. Ele caminha com dificuldades até a ilha", aponta o roteiro, de acordo com o colunista de TV Daniel Castro, nesta terça-feira (13).
Já com um visual diferente, Afrânio procura em um show em Salvador por Iolanda (Christiane Torloni), por quem é abandonado. O pai de Tereza (Camila Pitanga) sai atrás de Martim quando é enganado por Carlos Eduardo (Marcelo Serrado), assassino de seu filho. "Guiado pelo apito do Gaiola, Afrânio chega ao rio. Cruza pela passagem lavadeiras, pescadores e ribeirinhos, que o estranham. Obstinado, Afrânio nem os vê, mira apenas o rio", acrescenta o script.
'Preciso chegar até meu filho', diz o coronel
Nesse momento, o filho de Encarnação (Selma Egrei) grita pelo rapaz quando acredita que o barco está perto: "Martim, eu tô indo". Em seguida, o Saruê faz um pedido para a embarcação. "O Gaiola, me leve até ele", dispara. "Tem Gaiola nenhum", retruca um pescador ao ver nada quando olha para o rio. "Tá ali, eu preciso chegar até ele. Meu filho tá ali, preciso trazer ele de volta", esbraveja.
O homem (ator não divulgado) diz para o coronel, com chance de ser morto pelo genro, não entrar no Velho Chico, mas Afrânio não lhe dá ouvidos. Nisso, as águas arrastam com seu força o seu corpo, mas o Saruê não desiste de alcançar o Gaiola. Ele acaba arrastado para o fundo devido ao peso de roupas e botas e, ao mesmo tempo, luta para emergir. "Martim, me espera, Martim, espera teu pai", diz nas vezes que consegue voltar à superfície.
Já no fundo do rio, o avô de Miguel (Gabriel Leone) se livra das roupas mais pesadas e, assim, é arrastado até perto da margem. "Peguei o sinhô", diz o pescador, mas o coronel não desiste da sua missão, debatendo-se: "Me larga, me deixa, tenho que ir atrás do meu filho". A sequência é cortada nesse momento. Depois, Cícero vê os pertences do patrão ao chegar no local, com o pescador e de barco. "É ele! É ele", grita.
'Preciso chegar até meu filho', diz o coronel
"Cadê, peste? Onde é que esse home foi se metê?", questiona o jagunço, recolhendo os pertences do patrão. "Disse a ele que, se entrasse nesse rio, num ia saí! Eu 'garrei de tudo que foi jeito, foi ele quem quis corrê. A corrente tá muito forte, não, mais, se levo, ia levá daqui pra trás! E o mar quésiguí adentro do rio. O que tinha que sê, foi. Aogora é esperá o corpo subí!", responde o pescador.
Cícero começa a chorar e chamar pelo patrão, agarrado em sua peruca. Já na Ilha do Cabeço, Martim desembarca do Gaiola, enquanto o pai emerge sem peruca e as roupas coloridas. "Afrânio pisa terra firme sem traços do coronel Saruê. Mira tudo ao redor, perdido", completa o roteiro.
(Por Guilherme Guidorizzi)