A doença do silicone e a síndrome ASIA estão ganhando enfoque nos últimos anos: os dois diagnósticos podem acometer mulheres que optaram por próteses de silicone e trazem uma série de sintomas e prejuízos ao organismo. Após consulta médica, o explante de silicone - cirurgia de retirada das próteses (saiba mais aqui!) - se torna uma opção para muitas.
Ao Purepeople, o cirurgião plástico Dr. Fernando Amato conta mais sobre as enfermidades, como seus sintomas e quais cuidados podem prevenir o diagnóstico. Saiba mais a seguir!
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o especialista aponta que a doença do silicone é um termo genérico, que pode englobar diversas complicações relacionadas ao implante. Sintomas como cansaço excessivo, depressão, insônia, alteração do funcionamento intestinal, dor nas articulações e queda de cabelo podem aparecer de 3 dias até 30 anos após a cirurgia.
O cirurgião plástico aponta que, muitas vezes, o diagnóstico está associado à toxicidade do silicone, que extravasa do implante sem ele estar rompido, no que é chamado de "bleeding". "É importante lembrar que é comum formar, ao redor de qualquer material implantado, uma cápsula. No caso dos implantes mamários, essa cápsula pode ficar endurecida, com deformidade visível e até causar dor", detalha.
"Apesar de raro, existe um linfoma relacionado ao implante mamário e, nesse caso, a cirurgia para remoção do implante é a indicação. A prótese deve ser retirada em bloco, ou seja, o implante intacto dentro de sua cápsula", avalia o médico.
O especialista sinaliza ainda que implantes rompidos podem ter o silicone migrado para os linfonodos da axila, gerando dor, desconforto e até prejudicando a drenagem linfática da mama e dos braços.
Por outro lado, a síndrome ASIA é um quadro autoimune causado por substâncias "estranhas" para o organismo, resultando em um processo inflamatório crônico naquelas mulheres que já tem predisposição às doenças autoimunes.
"O implante de silicone serve como gatilho para desenvolver sintomas semelhantes aos das doenças reumatológicas como dor nas articulações do corpo, cansaço, distúrbios do sono, perda de cabelo, olho e boca secos", sinaliza o cirurgião.
Dr. Fernando Amato também sinaliza a importância de uma conversa franca com o especialista escolhido antes de colocar as próteses. "É necessário que o cirurgião seja sincero com a paciente, expondo todos esses riscos, e a paciente precisa ter maturidade para que nessa escolha seja levada em conta os benefícios e os riscos existentes", indica.
"Por isso, antes da cirurgia, é importante conversar com o médico sobre todas as dúvidas. A confiança entre médico e paciente é fundamental nessa decisão", orienta o cirurgião plástico.
O tamanho das próteses é um fator muito relevante nesse aspecto. "A escolha do volume não deve ser banalizada e deve-se levar em consideração muitas informações como o diâmetro do tórax, o formato das mamas, a elasticidade da pele e o desejo da paciente", explica o médico.
Ele aponta que volumes exagerados aumentam os riscos de complicação cirúrgica e a insatisfação, que variam desde alterações na pele com estrias, configurações com o posicionamento do implante, dificuldade de cicatrização e a exposição do implante.
Sobre Dr. Fernando C. M. Amato – Graduação, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Membro Titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).