Alice Wegmann, que vive a protagonista Maria na série "Onde Nascem os Fortes" e já declarou que ficou doente mais de uma vez durante a filmagem do trabalho, pondera em entrevista ao Purepeople, que mesmo a vitalidade da jovem causando alguns problemas na trama, se identifica com a sua personalidade efervescente: "Sou de escorpião e muita intensa. Já me atropelei algumas vezes porque fui um pouco impulsiva na vida, hoje sou um pouquinho mais racional. Tem um momento que paro e penso se preciso disso, começo a pesar os fatos. Tenho essa coisa mais pulsante de fazer tudo mais no ímpeto. Chegaria um momento que teria a consciência de que alguma coisa está errado e pararia".
Na pele de Maria, uma jovem com várias facetas e que luta para se impor em uma sociedade machista, chegando a passar por tentativa de estupro e uma relação conflituosa com os pais, a atriz, que já teve distúrbios alimentares e superou o problema, exalta o poder feminino: "Maria carrega uma força feminina muito grande que não diz respeito só a ela, mas a todas as mulheres que vemos aqui no Brasil. Tenho recebido muitas mensagens de mulheres agradecendo por trazer essa força para a personagem, por mostrar essa mulher firme. E é muito importante para mim mesmo porque também sou mulher, esse é o meu lugar e seu as dores e as delícias. Significa muito estar nesse lugar. Os autores estão escrevendo personagens cada vez mais humanos. Maria não é uma mocinha que espera o príncipe chegar. E, por ser essa pessoa, ela corre atrás e erra muito. Ela tem de tudo dentro dela, incluindo coisas ruins. Só que de tão forte e persistente, ela é uma heroína. Sofre todas as consequências, mas acima de todo é uma pessoa boa".
Vivendo um triângulo amoroso na trama, dividida entre os personagens Hermano (Gabriel Leone) e Simplício (Lee Taylor), assim como Maria, Alice acredita que é possível se apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo: "Acho superpossível. É um caminho que ela nunca imaginou, então é tudo e uma surpresa. Simplício vai chegando e ele está mais apaixonado que ela e vai cedendo aos poucos e construindo as histórias deles. Não tinha ideia que a personagem ia atingir tanta gente dessa forma. Tem emocionado muito as pessoas por ser uma história muito intensa. O que ela sente pelo Hermano é muito rapidinho e intenso. É uma paixão que eles não esperam e que vem junto com o desaparecimento do irmão. Maria é uma menina que dizemos que é um coração em movimento e vive sem pão, sem água, mas não vive sem amor. Ela acaba transferindo um pouco desse amor que sente pelo Nonato (Marco Pigossi) para o Hermano. Ela realmente se apaixona, realmente não consegue, mas é uma paixão quase impossível por conta do pai".
Filmando no sertão nordestino e na pele de Maria, que vive em uma contexto de grande desigualdade social, Alice fala sobre essa disparidade: "É muito importante estarmos atentos a tudo que está a nossa volta. Sempre convivi com todos os tipos de pessoas. Quando fazia ginástica olímpica treinava no Flamengo e convivi com atletas que não tinham dinheiro de passagem, ficavam na minha casa e íamos juntas para o treino. Temos que estar sempre atentos aos outros e não ligar para classe social, cor, nada. O que importa é o que temos para oferecer. Foram muitos meses gravando no sertão e é uma gente muito simples, que tem muito amor pelo lugar que eles moram. Apesar da seca, eles são um povo leve e muito carinhoso, foi uma troca muito especial!"
Incansável na busca de respostas pelo sumiço de Nonato, Alice avalia a coragem da personagem. "Acho que eles viveram sem conhecer o pai e a única coisa que a Maria tinha era a família. Ela faz o que faz porque o irmão é 50% do que ela tem. Ela se arrisca, se joga no mundo atrás dessa verdade e acha que não tem nada a perder. E, ao mesmo tempo, está sendo egoísta porque ela tem a vida dela. E tem a Cássia (Patricia Pillar) que ela preocupa. Ela não se coloca no lugar dela".
(Apuração: Patrick Monteiro e texto de Helena Marques)