Desde a votação do impeachment de Dilma Rousseff, diversos artistas tem usado as redes sociais para se manifestar sobre os acontecimentos políticos no país. Na última quinta-feira (12), quando o vice-presidente assumiu, após a votação no Senado, muitos também mostraram na web suas opiniões. No entanto, com a extinção do Ministério da Cultura pelo presidente em exercício, alguns decidiram se reunir e escrever uma carta aberta direcionada a ele nesta sexta-feira (13).
Ao jornal "O Globo", a Associação Procure Saber, envolvida na polêmica sobre biografias não-autorizadas e que conta com músicos como Caetano Veloso e Gilberto Gil e mais artistas, além do Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música (GAP) - no qual estão Sérgio Ricardo, Ivan Lins, Leoni, Frejat, Fernanda Abreu e Tim Rescala, entre outros artistas - mostrou o pedido.
Em um dos trechos, é salientada a importância da pasta. "A Cultura de um País, além de sua identidade, é a sua alma. O Ministério da Cultura não é um balcão de negócios. As críticas irresponsáveis feitas à Lei Rouanet não levam em consideração que, com os mecanismos por ela criados, as artes regionais floresceram e conquistaram espaços a que antes não tinham acesso", escrevem os artistas mencionando a lei usada como argumento em recente discussão envolvendo José de Abreu em restaurante japonês em São Paulo.
Ação pode gerar 'enorme prejuízo' às políticas culturais
De acordo com a carta, seria um "enorme prejuízo" a extinção do Ministério. "A economia que supostamente se conseguiria extinguindo a estrutura do Ministério da Cultura, ou encolhendo-o a uma secretaria do MEC é pífia e não justifica o enorme prejuízo que causará para todos que são atendidos no país pelas políticas culturais do Ministério", escreveu o grupo que conta também com Chico Buarque, que chegou a marcar presença em manifestações contra o impeachment de Dilma.
Ao concluir, os artistas pedem que Temer busque gerenciar melhor os recursos no país. "Nós, que fazemos da nossa a alma desse País, desejamos que o Brasil saiba redimensionar sua imensa capacidade de gerar recursos para educação, saúde, segurança e para todos os projetos sociais e econômicos necessários ao crescimento da nação sem que se sacrifique um dos seus maiores patrimônios: a nossa Cultura", encerram.
(Por Marilise Gomes)