Encarar a autoria de uma novela aos 27 anos e ainda estrear no horário nobre é para poucos. Mas Bruno Luperi não está sozinho nessa empreitada, ele divide a autoria de "Velho Chico " com a mãe, Edmara Barbosa, e o texto é supervisionado pelo avô, Benedito Ruy Barbosa. A trama estreia nesta segunda-feira (14) e em conversa com o Purepeople, Bruno conta que não liga para as comparações com o avô, nem se preocupa com os números do Ibope. "Tem gente morrendo de fome e de sede, tendo que migrar, tem um rio secando, mudança climática... Sinceramente, se der 20, 25 ou não sei quanto no ibope, para mim tanto faz", afirma.
Apesar da relevância que uma novela das nove tem e da responsabilidade que recai sobre os autores, o Bruno não se mostra tenso com a estreia. "Não me incomodo muito com o fato de estar estreando numa novela da Globo, de ser neto do Benedito e ter que corresponder... Isso daí não me pauta e não me movimenta", garante. O dramaturgo abre um sorriso ao ver a reação à sua pouca idade e brinca: "Só tenho 27, mas isso vai mudar. Tudo é passagem", comenta.
Parte de sua tranquilidade, ele garante, vem da experiência do avô, que o aconselha. "Meu avô falou de uma maneira muito sábia: 'se algo incomodar com essa novela, a culpa não é nossa, a culpa é do país'". Na coletiva de lançamento da trama, Benetido causou polêmica ao afirmar que odeia "história de bicha" e tem que ter responsabilidade com quem assiste. Bruno não chegou a comentar a declaração, mas disse que uma de suas expectativas com a trama é sentir um pouco mais a cara da família brasileira: "Eu acho que o brasileiro ele é um povo muito particular e a constituição da família brasileira é muito particular também."
Expectativa
Formado em propaganda e marketing, Luperi conta que fez desenho, pintura, escultura e design gráfico, além de ter trabalhado também com direção de arte antes de decidir seguir para a dramaturgia. "Vi que havia uma cobrança minha em me distanciar de uma sombra grande, que nunca houve. A árvore, por mais que ela não queira, faz sombra. E ele é uma árvore fantástica", admite.
Mas agora, Bruno parece ter encontrado seu caminho, e elogia tanto Benedito quanto Luiz Fernando Carvalho, diretor artístico da novela, a quem chama de ídolos. "Não poderia ter estreia melhor. Não tem pressão, não tem nada, são pessoas que são o bem-querer por bem-querer, e extremamente competentes". Segundo o escritor, os dois têm lhe ajudado a descobrir sua identidade no novo trabalho, ainda que essa não seja sua preocupação primordial no momento.
"É a minha primeira novela, meu primeiro trabalho que vai ao ar. Acho que eu não estou buscando uma autoria minha, não é o momento. Acho que agora ela está surgindo natural e espontaneamente". Em toda a entrevista, o autor faz questão de ressaltar, a todo momento, que sua atenção está voltada para a questão ambiental abordada na trama. "O nosso trabalho é muito calcado em pesquisa, e ela apresenta soluções de um futuro muito melhor. Meu comprometimento é com o povo ribeirinho, meu compromisso é com a revitalização desse rio", declara.
Audiência
Bruno declara que não fica pensando muito na audiência, nem opinião pública. "Tem tanta coisa para pensar tanto e eu vou deixar de pensar coisa para a novela. O meu departamento é dramaturgia, e a emoção é escrever e colocar as letrinhas no papel, é com isso que eu me importo", pondera.
Para ele, a questão do ibope é tão pequena que não merece atenção. "Tem gente morrendo de fome e de sede, tem gente tendo que migrar, êxodo novamente acontecendo, tem um rio secando, tem a mudança climática... Sinceramente, se der 20, 25 ou não sei quanto no ibope, para mim tanto faz".
E sobre as manifestações do grupo pelas redes sociais, o autor avisa que não é muito ativo na interação por esse meio: Eu sou muito apartado da minha geração em termo de redes sociais. Acho uma ferramenta fantástica, é um fruto benéfico dessa geração, mas mal usado".
(Por Samyta Nunes)