O filme "Tainá", lançado pela primeira vez em 2000, marcou gerações e até os dias atuais é reprisado na televisão brasileira. Eunice Baía se tornou, ainda criança, famosa no país inteiro após interpretar a personagem principal do longa. Hoje com 31 anos, a atriz publicou um desabafo em suas redes sociais sobre a falta de oportunidades para pessoas indígenas e falou como sua imagem ainda está atrelada ao filme, mesmo após 20 anos.
No Instagram, Eunice postou uma troca de mensagens entre ela e uma marca. A empresa em questão se recusou a fechar parceria. Segundo a atriz, o motivo foi porque ela é indígena. Outros atores também já fizeram desabafos sobre a falta de emprego, como é o caso de Joana Fomm.
"Muitas vezes cansa, nascemos sabendo e enfrentando a luta pela vida, pela demarcação das nossas terras e territórios, por espaço e trabalho, e por tudo que nos foi tirado, ainda tem estas falsas inclusões e discursos de igualdade, representatividade na diversidade que nunca nos preenche, estão há 5 séculos nos dizimando de tudo, até das possibilidades de existir em campanhas, dramaturgias, de mostrar que estamos vivos", começou Eunice.
Em outra rede social, no Facebook, Marcos Oliveira, o Beiçola da série "A Grande Família", também recorreu a uma publicação para falar sobre o desemprego. Veja detalhes.
A atriz, que está grávida de seu segundo filho, disse que por vezes tenta contato com marcas, mas que o que permanece em sua vida é a imagem da "Tainá".
"Muitas vezes eu tento contato com marcas, muitas delas eu recebo ao menos o e-mail de contato, alguma mensagem que parece nos notar, mas dessa vez eu fiquei bem impressionada como já mostraram nem ter espaço nem para conhecer minhas ideias, é muito confuso às vezes, qualquer lugar que eu frequento, que faço algum trabalho e me identificam como a atriz que fez Tainá, eu recebo muito carinho, como aqui no insta, que é uma chuva de mensagens de amor, afeto e identificação. Eu estou grávida, estou à espera do meu segundo filho. Muitas crianças e até adultos ao me conhecerem se chocam que eu cresci, porque a minha imagem para muitos está parada lá no filme Tainá", pontuou.
Segundo Eunice, o motivo de essa imagem permanecer é a falta de oportunidades de trabalho. "E sabe por que continua assim? Porque além de surgir poucas oportunidades pra mim, ainda não tem referência de representatividade indígena, tanto para quem é criança agora ou pra quem já foi, essa marca que me respondeu é uma marca de fraldas. Bebês indígenas não podem usar fraldas?", questionou.
Eunice também comparou as oportunidades de trabalho que surgem para ela com as de influencers não-indígenas. No post, a atriz disse que ao longo de sua gestação não surgiram marcas interessadas em fazer publicidades de enxoval.
"Na cabeça da sociedade isso é tão impossível assim? Vejo atrizes, influencies montarem um enxoval inteiro com trabalho de #publi é triste ver que isso nunca aconteceu com uma indígena. Estou com 8 meses de gestação, todas as oportunidades que achei que teria foram negadas, descolonizem seus pensamentos. Representatividade é poder e talvez por isso, grandes empresas nos apaguem conscientemente, o Brasil é Terra indígena, estamos retomando", finalizou o texto.