É impossível olhar para Joana Fomm e não se lembrar de atuações emblemáticas em novelas, como a Perpétua de "Tieta" (1989) e Yolanda Pratini de "Dancin' Days" (1978). Mas os tempos áureos ficaram para trás e, hoje, a atriz de 73 anos está sem contrato com emissoras de TV. Chateada com a situação, ela reclamou no Facebook na noite de quarta-feira (26). "Junto com alguns atores da melhor espécie, não tive renovação de contrato com a Globo. Passei pela depressão, pela alucinação e estou só aguardando novidades da vida", escreveu.
Procurada na tarde desta quinta-feira (27) pelo Purepeople, Joana esclareceu a situação. "Aquilo foi um desabafo. Escrevi no momento em que estava sentindo a dor de cotovelo. O que acontece é que teve uma mudança de política na casa. Quem trabalha há muito tempo na Globo acaba esquecendo que ela é uma empresa. Agora eles estão acabando com o banco de atores e diretores, só vai ficar quem estiver no ar. Estão dentro do direito deles, mas, nesses momentos, perdem pessoas muito importantes", reclamou. "Não há muita concorrência para a Globo. Os atores se dividem apenas entre ela e a Record. O mercado fica limitado e as emissoras se aproveitam disso".
Seu último papel fixo em uma trama foi em "Bang Bang" (2005) e a última aparição da atriz na TV foi uma participação em um episódio do seriado "As Cariocas" (2010), em que contracenou com Grazi Massafera. Desde então, mais nada apareceu. O hiato longe da televisão coincidiu com o período em que venceu a luta contra um câncer de mama descoberto em 2007 e teve diagnosticada a disautonomia, doença que afeta o sistema nervoso e compromete os movimentos do corpo.
"Estou totalmente recuperada dos dois casos. Ainda faço exercícios para recuperar a forma física, mas estou bem. Agora, para voltar, falta me convidarem. Gostaria muito de fazer uma novela. Gostei muito dos autores com quem trabalhei como o Aguinaldo Silva e o Gilberto Braga, mas o Filipe Miguez, que escreveu 'Cheias de Charme', é ótimo. Ele escreve bem e gostaria de trabalhar com ele", contou.
Papéis maduros
Fã de televisão, como ela mesma se define, Joanna diz que não teria problemas em pedir um papel em uma novela de um desses autores. "Se eu me encontrasse com algum deles talvez eu falasse: se tiver um papel legal, me chama. Não tenho menor pudor de pedir trabalho a quem admiro, mas teria que ver se iria pintar um clima para falar".
E ao contrário de muitas atrizes, Joanna não acha que a chegada da maturidade deixa escassos os bons personagens. "Sempre tem um bom papel para uma velha. A Nathalia Timberg está fazendo um trabalho lindo em 'Amor à Vida'. A velhinha da Fernanda Montenegro em 'Saramandaia' é um bom papel. Mas tem o meio termo, onde acho que estou mais enquadrada que é a faixa da Susana Vieira e da Renata Sorrah. Elas têm idade, mas não são velhas e vem fazendo trabalhos muito bons", elogiou.
Da nova geração de atrizes, Joana elegeÍsis Valverde eBianca Comparato como suas favoritas. "São maravilhosas e firmes nas suas atuações. Duas pessoas com tanto talento como elas é difícil aparecer toda hora. Tem muita gente boa no mercado, mas elas são ótimas", avaliou.
(Por Anderson Dezan)