Você tem assistido conteúdos ou escutado os áudios do Whatssap apenas no modo de aceleração 2x? É com esse questionamento que Felipe Neto tem inquietado os internautas nas últimas semanas.
Preocupado, ele tem exposto os relatos de seguidores que afirmam que estão mais ansiosos desde que as ferramentas Reels e TikTok estabeleceram conteúdo mais acelerados e resumidos.
"Eu não paro de receber relatos de pessoas dizendo que só conseguem assistir filme agora se for em 2x, ou então ficam literalmente pulando o filme pra frente, pra 'chegar logo em outra cena'. Até onde isso vai chegar?", perguntou o influenciador.
Em outra postagem, Felipe Neto mostrou o depoimento de uma seguidora que afirmou que está menos ansiosa depois que desinstalou o TikTok.
"Fefo, essa semana completa duas semanas que eu estou sem TikTok e realmente estou muito melhor. Não estou tendo mais crises de ansiedade, consigo maratonar vídeos do YouTube, ver séries e também estou lendo bem mais que antes. Muito obrigada por ter sugerido fazer isso, foi uma das melhores coisas que eu fiz pela minha saúde mental", escreveu.
Especialista em neurociência comportamental, Yuri Utida analisa que as pessoas não estão apenas consumindo conteúdo mais rápido, como também andando e falando em média 10% mais acelerado.
"Isso é sintoma de uma sociedade doente que não está respeitando o próprio ritmo humano. O reflexo disso é que as pessoas estão com a sensação de estar sempre perdendo algo, alucinadas em produzir e consumir o mais rápido possível, sem respeitar os limites saudáveis da mente, da memória e do tempo de digerir informação, o que resulta em uma sociedade mais ansiosa", destaca.
De acordo com o levantamento da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país com o maior índice de ansiosos do mundo. A estimativa é que 19 milhões convivam com a ansiedade no país, sendo que, durante a pandemia de Covid-19, o número de pessoas com essa condição subiu 25% – foi justamente nesse período que o TikTok e o Reels surgiram com a proposta de conteúdos rápidos.
"A gente vive mais da metade do nosso tempo fora do presente. Ou estamos pensando no passado, o que favorece a depressão, ou estamos pensando no futuro, o que acaba gerando a ansiedade nas pessoas. É por isso que tantas técnicas de meditação, controle mental, respiração, de se fazer presente, estão tão em alta. As pessoas não estão conseguindo focar no agora, sentir o sabor da própria vida, com plenitude, no momento presente. Isso é preocupante", comenta.
Além dos exercícios para focar no presente, recomendado por Yuri Utida, desinstalar os aplicativos que favorecem a sensação de urgência e o pensamento acelerado também pode ser uma alternativa de detox.
Caso desinstalar seja uma atitude muito drástica, apenas reduzir o consumo pode melhorar a minimizar a impressão de estar vivendo no modelo acelerado.
"No próprio celular, há como estabelecer um limite diário de uso. Além disso, é sempre bom fazer o exercício de se comprometer em focar em uma só atividade, como ver um filme inteiro, ler um capítulo sem interrupções ou mesmo sair com os amigos e deixar o celular de lado", aconselha.