Anitta é seguidora do candomblé, religião de matriz africana que foi 'ressignificada' no Brasil, e faz questão de falar sobre o assunto nas mídias, ainda que sofra com a constante intolerância religiosa. A cantora, que pode estar vivendo um novo romance, já exaltou a própria fé algumas vezes e tenta ser uma voz na luta contra esse tipo de preconceito! O Purepeople separou 6 vezes em que a voz do 'Funk Generation' abordou o tema, 'peitando' os desrespeitosos:
No dia 26 de abril, Anitta divulgou seu novo álbum de estúdio, o 'Funk Generation'. Para além das letras abordando a sexualidade e o empoderamento feminino, uma faixa em específico chamou a atenção dos fãs: 'Aceita'. Na canção, a intérprete de 'Envolver' se coloca no lugar de uma entidade, cultuada tanto no candomblé, quanto na umbanda - outra religião de matriz africana.
"Ela não é tipicamente um funk mas tem muitos traços do funk [...] Essa faixa, 'Aceita', fala como se eu fosse uma entidade de rua, que anda pela rua falando das suas conquistas da vida", disse ela ao Spotify. No candomblé, entidades de rua estão relacionadas a espíritos mensageiros, que estão pelas encruzilhadas, esquinas, cuidando e protegendo os encarnados em uma relação mais 'carnal'. A Pomba-Gira é uma das mais conhecidas e leva consigo o aspecto da sensualidade e do amor próprio.
A música, inclusive, ganhará um videoclipe amanhã (14), ao meio-dia, com imagens de Anitta dentro do terreiro em que frequenta e cumpre suas obrigações da religião, além de cenas da artista usando roupas de palha - que fazem alusão à Obaluaê, orixá da cura.
No ano passado, em entrevista para a revista norte-americana 'Harper's Bazaar', Anitta explicou o motivo de ter deixado a Igreja Católica. A poderosa participava ativamente do catolicismo quando era pequena, cantando ao lado do avô, que costumava tocar piano. No entanto, ela ficou desapontada quando viu seu padre predileto ser expulso após homenagear 'a cultura negra e a religião engra' no Dia da Consciência Negra, em uma missa sobre Zumbi dos Palmares.
"Fiquei muito frustrada e não queria voltar", admitiu a carioca, que logo depois decidiu seguir a religião do pai, Mauro Machado. Conhecido como 'Painito' pelos fãs da cantora, ele apresentou o candomblé para a filha, que se apaixonou imediatamente. "Quando vem das comunidades pobres, as pessoas veem isso como uma coisa ruim. Quando vem dos negros, quando vem dos índios, quando vem dos asiáticos, todas as pessoas que sofrem racismo, acho que essas religiões sofrem mais", declarou ainda ao veículo, reforçando o estigma da religião.
Recentemente, Anitta explicou aos norte-americanos do que se trata o candomblé. No Global Citizen Now, evento internacional com foco no meio-ambiente e problemas sociais, a voz de 'Bellakeo' explicou sua relação com as entidades da religião e a natureza.
"A família do meu pai trouxe a cultura dessa religião ancestral, onde que nossas cresças estão em entidades, onde que cada entidade representa um lado diferente da natureza, podem ser as florestas, podem ser as cachoeiras, podem ser todos os elementos que conhecemos; chuva, clima, vento... É por isso que temos tanta consciência sobre a importância da natureza na nossa vida", contou ela, orgulhosa.
Em 2020, diversos portais de notícia divulgaram que Anitta teria raspado o cabelo por conta das obrigações do candomblé. Na ocasião, a assessoria da artista negou as informações e ressaltou a luta contra a intolerância religiosa, como se os rumores não tivessem fundamento. Depois, a artista foi ao X (antigo Twitter) explicar que, em alguns terreiros, raspa-se a cabeça, mas não era o caso dela. Ela compartilhou uma matéria do 'Estadão' que falava sobre a situação e um cargo religioso que ocupa.
"Adorei essa matéria. Como a entrevistada mesmo disse, todo dia você aprende algo novo. Eu, por exemplo, não sabia que, em algumas nações, ekedi também raspava. Bacana pra saber mais e pra afastar a intolerância religiosa [...] Tenho curiosidade, respeito e admiração por todas as religiões e gostaria que todos também tivessem com a minha", escreveu a carioca.
"As notícias tendenciosas que fazem pra fazer parecer que estou escondendo minhas crenças só me faz ter mais vontade de falar sobre o assunto. Até mesmo quando tentam provocar dizendo que eu só devo aparecer no barracão uma vez ou outra.... (ai ai viu... rs)", concluiu ela, fazendo alusão a outros boatos maldosos.
No final de 2021, quando era mais discreta com a própria fé, Anitta divulgou uma rara foto ao lado de seu Pai de Santo, Sergio Pina. Na foto, a artista apareceu vestida de branco, com fios de conta de seu Orixá de cabeça, Logun Edé, o jovem caçador, filho de Oxum e Oxóssi. "Encerrando o ano. Te amo, meu pai", declarou-se.
Não demorou muito para que algumas pessoas se achassem no direito de proferir palavras preconceituosas e desrespeitosas contra a artista. Alguns questionaram a presença de familiares no templo religioso em que a cantora estava, em outras imagens publicadas por ela nos stories. "Minha família não é obrigada a escutar xingamento por coisa que nem aconteceu, xingamento de intolerância religiosa. Minha família que é parte católica e parte evangélica. E foram lá no dia, porque sabiam que era importante para mim. Vai ser intolerante lá na ponte que partiu!", rebateu a morena, na época.
Neste ano, no 'Ensaios da Anitta', evento de pré-Carnaval onde a cantora faz shows em diversas cidades no Brasil para divulgar o seu próprio bloco, ela homenageou as escolas de samba do país nos looks. Um deles fez referência direta ao enredo de 2022 da Grande Rio, que a consagrou campeã do Carnaval carioca: 'Fala, Majeté! Sete chaves de Exú'. O tema está relacionado às religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
"Uma avalanche vermelha, que representa a vitalidade e o perfil guardião do orixá. A escola trouxe para a avenida a mensagem de combater o racismo religioso contra cultos de matrizes africanas. Exú representa essa mistura do que é bom e ruim, pecado e santidade, alegria e tristeza, remédio e veneno", explicou ela no X, antigo Twitter.
