Protagonista da primeira fase da novela "Gênesis", Carlo Porto encarou uma preparação intensa para dar vida a Adão no folhetim da Record TV que estreia nesta terça-feira (19). "Trabalhamos durante aproximadamente três meses na preparação. Nesse período fizemos muita leitura do material que tínhamos a mão. Além dos roteiros e da própria Bíblia haviam outros textos de apoio como 'Adão e Eva: A Primeira História de Amor' de Bruce Feiler e 'Ascensão e Queda de Adão e Eva' de Stephen Greenblatt", conta ao Purepeople.
"Tivemos também workshops com historiadores, assistimos vários filmes de referência indicados pelo nosso diretor geral e fizemos uma vivência incrível nas instalações da (produtora) Casablanca", enumera. E na sala de ensaio, os trabalhos seguiram com auxílio da preparadora Fernanda Guimarães. "Lá fizemos pesquisa de corpo e de voz, trabalhamos com técnicas teatrais modernas, enfim, passamos cada uma das cenas de diversas formas diferentes", explica.
"Tudo isso para que quando chegássemos no set não houvesse desgaste desnecessário. Foi a melhor preparação para um produto de TV que eu poderia imaginar", destaca ele, um dos 250 atores escalados para o folhetim bíblico.
Para "Gênesis", Carlo precisou ainda encarar uma mudança que será vista depois que Adão e Eva (Juliana Boller) forem expulsos do Éden. "Foi complicado. Tive que dar conta deste personagem em momentos muito diferentes da vida dele. Há uma passagem de tempo de 20 anos entre ele ser criado no Éden, e depois, quando alguns dos filhos (entre eles, Tila, papel de Anna Rita Cerqueira) já estão grandes", diz.
"Para qualquer ator é um belo desafio fazer um personagem em momentos tão diferentes. No primeiro, ele aparece sem barba, cabelo curto. E depois ele está com um aspecto completamente diferente. Muita barba, pele queimada de sol, cabelo comprido. Além disso eu também quis ganhar mais massa muscular e cheguei a quase 100 quilos", detalha.
E indica os pontos que o aproximam do seu protagonista. "A vontade de se relacionar com Deus. Saber que eu posso me aproximar do meu criador, que Ele mesmo deseja isso, que eu posso falar com Ele e ouvir Ele. Penso que isso tudo é uma herança que Adão deixou para a humanidade. Porque sim, eu acredito que todo homem que já viveu, em alguma medida ou de algum jeito, desejou se relacionar com Deus. Não temos como escapar disso. Alguma coisa dentro de nós nos leva a um desejo enorme de nos relacionar com Deus", acredita.
Com bom humor, afasta que foi preciso se despedir para gravar as primeiras cenas de Adão, ainda no Éden. "Não foi preciso ficar completamente sem roupas. Não era intenção da emissora levar a nudez pra tela e sabíamos que na pós-produção a equipe da computação gráfica iria acabar tapando qualquer coisa que não pudesse ir ao ar", explica o colega de elenco de Rafaela Sampaio, intérprete de Naamá na juventude na segunda fase do folhetim.
E Carlo defende a abordagem do preconceito que Adão teve com as 8 filhas nascidas após Caim (Eduardo Speroni) e Abel (Caio Manhete). "Ele não soube lidar com a saída do Éden. Como ficou longe de Deus virou uma pessoa ressentida e amargurada e isso causou muito sofrimento pra família toda. Levar a história deste homem para a TV em um momento em que o número de casos de feminicídio no nosso país são assustadores, como agora, é de extrema importância", apoia.
"Adão é um anti-exemplo e isso vai ficar claro. Agora, além disso eu acabei de ser pai de uma menina e decido todos os dias por uma criação onde o afeto seja minha baliza. Não acredito em outra coisa", explica.
E ao comparar uma novela bíblica com uma contemporânea, aponta: "Muita coisa é diferente. A caracterização e a arte, por exemplo, são elementos que nos tiram completamente da contemporaneidade. Por outro lado, não tivemos dificuldades com o texto. Fizemos questão de trazê-lo para o mais próximo possível de nós e deu muito certo. Eu tenho certeza que o público vai gostar bastante".
Ao mesmo tempo, Carlo ainda comemora o reconhecimento nas ruas pela novela "Carinha de Anjo" (SBT, 2016 a 2018), onde foi o pai da protagonista, Gustavo. "Não só as crianças. Aliás quem me reconhece normalmente são os adultos. Foi uma novela em que toda a família se reunia para assistir. Os adultos foram puxados pelas crianças em um primeiro momento e depois eles se apaixonaram pela história que realmente é incrível", vibra.
"Mas a parte isso eu quero continuar trabalhando para o público infantil. Eu e a Liah temos um projeto de música pra crianças. Se tudo der certo a gente produz isso esse ano", finaliza.
(por Guilherme Guidorizzi)