Taís Araujo e Lázaro Ramos não seguraram a emoção e foram às lágrimas no velório de Ruth de Souza. Visivelmente abalada e triste com o falecimento, a atriz compareceu ao Theatro Municipal, no Centro do Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (29), e deixou suas últimas palavras em homenagem a veterana. "A nossa geração inteira conseguiu celebrar muito a Ruth. Observar, honrar, aprender e a gente lamenta tanto. Aos 98 anos viveu muito, mas ela estava absolutamente lúcida e essa é uma grande perda. Ela deixa um legado gigantesco. Semeou muito. Ela semeou demais. A gente está aqui para seguir", disse a mãe da estilosa Maria Antonia e do pequeno João Vicente, cuja semelhança com o pai impressiona.
Pelo velório, Lázaro comentou que Ruth era considerada "uma mãe" para a geração de novos atores. "Além da atriz incrível, de ser um exemplo, de ser uma força da natureza, ela fazia uma coisa: ela chamava a gente na casa dela. Chamava os atores jovens pra assistir filme com ela. Viveu 98 anos, mas era uma pessoa muito presente nas nossas vidas. A gente aqui agora segue com saudade. Ela era um exemplo lindo e fazia isso [a luta pelos artísticas negros] com elegância. Era como uma mãe pra gente", comentou ao "G1". O corpo da atriz será cremado no Crematório e Cemitério da Penitência às 16h30 no local, em uma cerimônia reservada apenas para a família e amigos mais próximos.
Milton Gonçalves recordou seu encontro mais recente com a amiga e, emocionado, lamentou sua perda: "Estávamos há uma semana atrás conversando, participando de espetáculos e festas. Foi embora um talento. Uma atriz, pessoa maravilhosa e sorridente. Uma semana estávamos feliz conversando com a nossa patota. De repente, vem Deus e leva. É justo? Não sei. É uma dor sempre muito grande, mas a gente sabe que mais hoje, mais amanhã Deus nos chama". Nathalia Timberg ressaltou a importância da artista para os negros no mundo da arte. "É uma mulher que construiu um lugar no teatro, um lugar nas artes cênicas brasileiras para o ator negro. Eu conhecia a Ruth desde 1948. Foi quando eles começaram a batalhar pra trazer pra um ator negro no Brasil a posição que ele tem por direito, pelo que ele é, não pela etnia em sim, mas pelo grande talento que tem e pelo muito que tem a contribuir na formação da nossa cultura", recordou.
(Por Rahabe Barros)