10 anos sem Chorão: guitarrista do Charlie Brown Jr. detalha relação com o cantor e toca turnê após problemas com filho do roqueiro
Atualizado em 6 de março de 2023 às 19:15
Publicado em 6 de março de 2023 às 18:25
Por Matheus Queiroz | Notícias dos famosos, TV e reality show
Jornalista por vocação, apaixonado por música, colecionador de CDs e neto perdido de Rita Lee.
Na data em que o falecimento do lendário vocalista do Charlie Brown Jr. completa 10 anos, o Purepeople conversou com o guitarrista Marcão Britto, um dos fundadores da banda. Confira a reportagem especial.
10 anos sem Chorão: o Purepeople conversou com o guitarrista Marcão Britto, um dos fundadores do Charlie Brown Jr. Chorão morreu no dia 06 de março de 2013 Morte de Chorão: 'Foi muito difícil. É de cair o chão. Você fica sem rumo porque a gente nunca acredita que isso vai acontecer', disse Marcão Britto Marcão Britto sobre morte de Chorão: 'Você não supera, você aprende a conviver, mesmo depois de 10 anos' Marcão Britto e Chorão se conheceram no início da década de 1990. Os dois frequentavam a mesma roda de música em Santos
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Há exatos 10 anos, o público acordava estarrecido com a notícia da partida precoce de um dos principais ícones da música brasileira dos últimos tempos. Alexandre Magno Abrão, o Chorão, morreu na madrugada do dia 06 de março de 2013, deixando órfã toda uma geração que transformou suas músicas em hinos pessoais.

Na data em que o falecimento do lendário vocalista do Charlie Brown Jr. completa 10 anos, o Purepeople conversou com o guitarrista Marcão Britto, um dos fundadores da banda, que contou que a notícia foi recebida com espanto por ele.

"Foi muito difícil. É de cair o chão. Você fica sem rumo porque a gente nunca acredita que isso vai acontecer. O cara tinha 42 anos de idade, era um cara muito forte em todos os sentidos, fisicamente, mentalmente. Tinha, lógico, seus altos e baixos como todo ser humano tem. No primeiro momento, eu não acreditei. Achei que fosse algum engano, que ele estivesse no hospital", disse Marcão.

Uma década após a partida do parceiro, Marcão admite que ainda está em meio a um processo de assimilar o ocorrido. "Você não supera, você aprende a conviver, mesmo depois de 10 anos. Cada ano desses 10 anos que se passaram eu absorvo isso de uma maneira diferente. E, às vezes, vai piorando. A gente tem a impressão que com o passar do tempo vai aliviando, vai acostumando, mas a ficha vai caindo de formas diferentes", relatou.

A RELAÇÃO DE CHORÃO E MARCÃO BRITTO

Marcão e Chorão se conheceram no início da década de 1990. Os dois frequentavam a mesma roda de música em Santos, município de São Paulo, e o gosto por um estilo de rock pesado fez a dupla se aproximar cada vez mais. Foi essa similaridade que fez com que o cantor convidasse o guitarrista para fundar uma banda.

"A gente sempre teve muita vontade de vencer na vida, de conquistar nosso lugar ao sol através da música, da nossa banda. Era um sonho muito grande, mas praticamente impossível, a gente tem que lembrar que estamos em um país que, muitas vezes, é avesso ao rock. Sobreviver fazendo rock não é coisa muito comum se você parar pra pensar friamente", refletiu Marcão.

Antes do estrelato nacional, a banda passou cinco anos como atração de locais underground ao redor da região. "Tocando em espelunca, com o equipamento bichado, passando por um monte de roubada sem grana. Às vezes, não tinha nem dinheiro pra pegar ônibus pra São Paulo", lembra Marcão, com bom humor. A amizade com Chorão ganhou ainda mais força nessa época, não apenas por compartilhar música, mas, também, por dividir alguns perrengues.

"A gente compôs muitas músicas no meu quarto, como 'Tudo Que Ela Gosta' e 'Proibida Pra Mim'. Ele adorava ir lá. Às vezes, ele estava sem grana, passando uma situação complicada, não tinha grana nem pra pagar a luz da casa dele e a gente se ajudava. Muitas vezes, ele ia lá falando 'pô, me arruma uma grande pra comprar uma pizza'. Eu falava: 'Entra aí pra almoçar com a gente'. Ele gostava do rango da minha mãe pra caramba. A gente teve uma ligação muito próxima nessa fase sem grana, nem fama (risos)", conta Marcão.

Em 2005, algumas divergências relacionadas à banda fizeram a parceria musical e a amizade serem interrompidas. Por vezes, o doce e gentil Chorão dava lugar a uma pessoa de gênio um tanto quanto complicado.

"Basicamente, quem foi amigo de verdade do Chorão brigou com ele, teve algum tipo de desentendimento com ele. Não só da banda, mas, também, pessoas do meio, da imprensa e tudo mais. Ele era um cara que tinha seus dias legais, mas, também, tinha situações complicadas. A gente sempre discutia muito questões da banda. É uma banda, né? Um grupo de pessoas em que nem sempre todo mundo pensa igual", defende Marcão.

Nesse tempo, Marcão fez música em outras bandas e tocou outros projetos. Até que, no início da década de 2010, Chorão demonstrou vontade de retomar a parceria musical com ele. A notícia veio através de Canisso, baixista do Raimundos. Semanas depois, um encontro que varou madrugada no famoso Chorão Skate Park veio a selar uma nova fase da relação entre os fundadores do Charlie Brown Jr.

"Ali eu vi que a gente tem uma conexão muito grande porque o que a gente viveu foi uma experiência de vida única, é um negócio muito forte. A gente passou por toda essa transformação juntos. Eu vi a vida dele mudar, ele viu minha vida mudar. Isso traz uma conexão de algo que só a gente viveu. Eu senti uma sintonia muito legal e foi assim que eu voltei pra banda", diz o guitarrista.

Nos 10 anos de ausência de Chorão, Marcão se recorda com carinho da personalidade do amigo. "Era um cara que, quando tava tudo bem, era muito legal, muito engraçado. Quando não tava bem, era difícil. Então, esse era o Chorão, tinha esse lado humano que virou uma saudade imensa pra todo mundo", afirmou.

30 ANOS DE CHARLIE BROWN JR. SÃO CELEBRADOS EM TURNÊ HISTÓRICA

Para marcar os 30 anos da formação do Charlie Brown Jr. e os 25 anos do icônico álbum "Transpiração Contínua Prolongada", Marcão se juntou ao outro guitarrista da banda, Thiago Castanho, para levar para a estrada a turnê "Celebração 30 Anos". Em um show que, muitas vezes, chega a durar três horas, eles passeiam pelos grandes sucessos e por canções favoritas dos fãs.

"A energia é a mesma, isso que é um lance que me chama muita atenção. Parece que em cada música que a gente toca, tem uma poção mágica que traz essa coisa do que a gente viveu. Tem muitas histórias autobiográficas em algumas letras, situações que a banda passou ou que o próprio Chorão passou também. Parece que isso faz efeito até hoje", relata Marcão.

Antes do início, no entanto, o espetáculo passou por uma controvérsia. Alexandre Abrão, filho de Chorão, faria a turnê com Marcão e Thiago, mas a parceria se rompeu antes da estreia. Na época, o herdeiro do roqueiro lançou uma nota em que afirmava que "não será amparada nem admitida qualquer tentativa de se tomar à força o nome e os projetos do Charlie Brown Jr.". Na época, os músicos destacaram que o ego do rapaz se sobressaiu à memória do pai.

"É muito complicado quando você lida com pessoas que não trabalham com música e que querem transformar a banda em um balcão de negócios. Acho muito triste isso porque a filosofia do Charlie Brown sempre foi de fazer a banda rolar, vamos tocar. Então, tentarem te impedir de tocar suas próprias músicas por uma questão de um balcão de negócios é triste. Tenho certeza que Chorão não acha legal isso", pontuou.

Polêmicas à parte, a turnê tem cumprido seu objetivo principal: perpetuar o legado do Charlie Brown Jr. "A banda se mantém muito viva para o público, a gente tem notado isso nos shows. O Charlie Brown tá muito ativo, sendo descoberto por novos públicos. Nos shows, a gente sempre pergunta e mais da metade da galera tá sinalizando que é a primeira vez assistindo à banda ao vivo. É muito bacana porque é uma descoberta orgânica. Isso é uma coisa que me deixa muito feliz e tenho certeza que o Chorão também tá muito feliz por isso. Todo artista quer que sua obra continue viva e ativa", frisou Marcão.

10 ANOS SEM CHORÃO: OUÇA TRECHOS INÉDITOS DA ENTREVISTA COM MARCÃO BRITTO
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