Na primeira temporada da novela "Reis" - que estreia nesta terça-feira (22) - o público é apresentado a Elcana (Fernando Pavão). O israelita marido de Ana (Branca Messina) arruma uma segunda mulher, Penina (Julia Guerra), quando a primeira não consegue engravidar. Penina além de dar filhos a Elcana passa a atormentar a vida de Ana. Mas nem por isso Julia teme ver o "cancelamento" da israelita na web, garante ao Purepeople.
"Não mesmo. acho, inclusive, que se tiver algum cancelamento da personagem na internet isso significa que eu fiz um bom trabalho e consegui deixar o público imerso na trama da novela. Então eu ficaria até feliz! Mas eu acredito que a Penina pode conquistar o público também e isso seria igualmente legal", avalia a atriz da novela, que retratará ainda a rebeldia dos filhos de Eli (José Rubens Chachá).
Já vista em novelas como "Gênesis" (2021), Julia se comove com o lugar de Penina em "Reis" - ela é mãe dos três primeiros filhos de Elcana, pai de Samuel (Rafael Gevú). "Apesar do respeito que Elcana tem por Penina, ele não a ama. Era com Ana que ele gostaria de ter tido filhos. Então, sim, acho que Penina é rejeitada por Elcana, porque sua função era a de gerar descendentes e ele nunca prometeu amá-la", defende a artista.
"No entanto, acho que Penina é apaixonada por ele e luta o tempo inteiro para ter um pouco do que ele e Ana têm. Eu consigo me sensibilizar muito com a situação da minha personagem porque imagino que deva ser terrível estar na posição dela", completa.
"Ainda que Penina perturbe Ana, acho que ela não é uma pessoa ruim - eu acredito que isso seja uma resposta a uma dor forte que ela sente por não ser amada e por ainda presenciar, diante dos seus olhos, tudo o que ela gostaria de ter para si sendo dado a outra mulher", acrescenta a atriz de 22 anos.
E na vida real, Julia, destaque nos vídeos do Porta dos Fundos, rejeita repetir a situação de Penina. "De forma alguma (risos). Como disse, acho que deve ser muito ruim estar em uma situação dessas: casar para ser quase uma barriga de aluguel para um homem que não nutre nenhum tipo de sentimento romântico por você. Além do trabalho gigantesco que é ter um filho", explica.
'A situação de Ana também acho que não é nem um pouco confortável, apesar dela ser retribuída amorosamente. Ana sofre muito por pensar que Deus não a abençoa com um filho, que é a maior dádiva que uma mulher da época poderia receber, de acordo com a sua fé", aponta.
"E se eu for trazer para os tempos atuais, acho que seria algo que nem aconteceria, porque não existe mais essa necessidade de ter um filho em todo casamento. Se eu me casasse com um homem e eu não pudesse ter filhos, essa seria a minha realidade. Se eu quisesse muito, poderia adotar. Um casamento, hoje em dia, não tem como principal objetivo gerar descendentes", lembra.
Julia compara ainda a experiência no canal da web com a novela bíblica. "São linguagens bem diferentes mesmo. Acho que a comédia é muito natural, pra mim, enquanto que a linguagem de uma novela bíblica, mais formal, não faz parte do meu dia a dia. Em alguns momentos existe uma dificuldade porque parece que é antinatural falar de forma mais rebuscada", diz.
"Mas nada que algumas passadas de texto não resolvam. Amo improvisar na comédia, porém também adoro ter que trabalhar apenas com o que o texto me dá. São trabalhos muito diferentes que treinam sempre o lado do ator, de ter que se adaptar a diferentes linguagens, tramas, direções, interpretações", frisa.
"Gosto de ser a atriz de comédia escrachada, que improvisa, como a atriz que faz novela de época. Gosto de estar sempre vestindo diferentes peles e encarnando diferentes personagens. Foi muito especial viver a Penina, porque me deu a oportunidade de viver uma personagem mais complexa e menos boazinha. Agora adoraria viver uma vilã de verdade. Quem sabe!", finaliza mostrando a veia cômica, uma de suas marcas.