Karina Dohme voltou às novelas após cinco anos na pele da indefensável Teca em "Quanto Mais Vida, Melhor!", que prepara uma guinada na história com os quatro protagonistas trocando de corpos. Quem define assine a personagem interessada em conquistar Neném (Vladimir Brichta) é a própria atriz, em entrevista ao Purepeople. "Acho que qualquer pessoa que tenha caráter não consegue defender a Teca. Uma mulher que se aproveita de um tema tão sério que é o assédio e o abuso sexual para se promover e para prejudicar alguém não merece qualquer tipo de defesa", afirma.
"Estamos em 2022 lutando desesperadamente pelos nossos direitos, para termos voz, e mulheres como a Teca são as que põe tudo a perder. Então não, eu não defendo a Teca. A amo obviamente, torço para que ela se regenere, mas não consigo defender ou justificar nenhum ato. E as coisas que ela ainda vai aprontar, vão deixar ainda mais claro que não vai ter a menor chance de alguém defende-la", prossegue a atriz de 36 anos.
Assim como Karina, o público da trama das sete também não defende Teca e torce para ela pagar por seus atos. "A torcida é para que a Teca fique bem longe do Neném e que a Paula (Giovanna Antonelli) dê umas boas bofetadas nela. O público está ansioso por esse momento", conta a artista, que se diverte com a reação dos "haters" de sua personagem.
"A web tem sido uma delícia, os memes são hilários e a Teca já é odiada e tem ranço puro. Adoro, me divirto, acho ótima essa torcida contra, é sinal que a personagem está crível, que as pessoas compraram a personagem e que estamos tendo resultados de todo esse trabalho que foi feito com tanta dedicação. Tenho memes ótimos salvos, retwitto vários", exemplifica.
Com uma carreira iniciada nos anos 1990 e com mais de 20 trabalhos só na TV - entre novelas, especiais, minisséries e seriados, como "Sandy & Jr.", na qual foi a Beth, Karina lembra ter recebido poucas informações de sua atual personagem no começo dos trabalhos. "Ela cresceu muito e enveredou por um lugar incrível que me fez ir descobrindo outras facetas dela conforme os capítulos chegavam", diz.
"O Allan (Fiterman), nosso diretor, me deu algumas referências que eu assisti no início, mas o trabalho que eu fiz com a Teca foi muito mais de sentar e pôr no papel a história da personagem que o autor (Mauro Wilson) não contava no texto. De onde ela vem, como eram os pais, que músicas ela gostava, porque reagia de determinada maneira, quais eram as dores, os amores, os desejos... Passei meses mergulhada nisso", lista.
"Achei que seria mais crível se ela fosse carioca, então comecei a exercitar o sotaque, pesquisar, ouvir, praticar. Fui para o Rio três semanas antes de começar a gravar e ficava sentada em lugares que achava que teria pessoas com o perfil dela, vendo o jeito de andar, de falar, de vestir", detalha.
E por falar em "Sandy & Jr.", a artista nascida em Americana (São Paulo) nega que sua participação no seriado infanto-juvenil tenha deixado um rótulo na carreira. "Não acho que isso tenha me prejudicado. O seriado foi um marco, um fenômeno, 22 anos depois as pessoas se lembram como se fosse hoje, me param na rua, me escrevem", afirma.
"Muitos atores na própria novela que eu amo, admiro e quando me viram disseram 'Meu Deus sou seu fã, você fez parte da minha adolescência'. Não posso negar a projeção que a Beth me deu. Talvez no primeiro ano e segundo ano pós programa, quando acabou, eu estivesse muito 'marcada', mas isso rapidamente se dissipou, eu trabalhei praticamente sem parar de 2004 a 2015, não posso ser injusta em dizer que fui rotulada pelo meio", prossegue. "O programa só me ajudou, só me abriu portas", frisa.