O icônico publicitário Washington Olivetto morreu no último domingo (13), aos 73 anos. Com a repercussão da perda, aumentou a curiosidade do público a respeito das famosas publicidades criadas por ele. A mais popular, sem dúvidas, foi para a Bombril. Em 1978, foi ao ar a primeira campanha estrelada pelo ator Carlos Moreno, que ficou eternizado como o "Garoto Bombril".
Carlos era ator de teatro e foi escalado após ser visto em cena por um dos produtores do comercial. O personagem era uma espécie de cientista que desenvolvia as tecnologias dos produtos de limpeza. O objetivo, claro, era convencer a dona de casa a comprar Bombril. O sucesso foi grande logo de cara, o que fez a empresa oferecer um contrato de exclusividade.
Só para a televisão, foram cerca de 400 comerciais. O número aumenta ainda mais quando se trata de fotos publicitárias para a mídia imprensa. No final dos anos 1990, Carlos já não gravava mais tanto para a TV, mas toda semana, realizava novos ensaios para serem veiculados em jornais e revistas de todo o Brasil.
Para gerar ainda mais identificação com o público, nesses ensaios, Carlos aparecia caracterizado como algum personagem popular da época ou com referência a um acontecimento da semana. Ele já surgiu vestido de Ana Maria Braga e até de Papa Bento XVI.
Em 1994, Carlos entrou para o livro dos recordes por estrelar a campanha publicitária que mais tempo ficou no ar na história. Ele já era o "Garoto Bombril" há 16 anos na época. A parceria só chegaria ao fim oficialmente 23 anos depois, em 2017.
A parceria de Carlos com a Bombril chegou ao fim pela primeira vez em 2004, após o fim do contrato. Ele foi escalado como garoto-propaganda de uma empresa de soluções financeiras. No entanto, dois anos depois, a fabricante de produtos de higiene trouxe sua estrela de volta. O motivo? O sucesso da concorrente Assolan, que investia pesado em propaganda e foi patrocinadora do "Big Brother Brasil" por muitos anos. Com a perda de espaço no mercado, a marca voltou a apostar em publicidades com seu rosto mais conhecido.
A partir de 2011, uma mudança na comunicação da Bombril deixou Carlos de escanteio. A marca passou a escalar mulheres, como Dani Calabresa, Monica Iozzi e Ivete Sangalo, para falar da evolução feminina, traçando um paralelo com as mudanças dos produtos ao longo dos anos. Ele até participou de propagandas com essas estrelas, mas era nítida a perda de espaço.
"Não vou negar que fiquei chateado, eu adorava fazer o trabalho. Mas era uma proposta da empresa de mudar a comunicação, então eu tive que aceitar. Depois, quando tive a chance de trabalhar com elas, adorei as três, me diverti bastante. Eu entendo que nada é eterno. A vida inteira fui consciente de que as campanhas terminariam. Passei o bastão para as meninas e elas trabalharam lindamente", disse Carlos, em entrevista ao site Notícias da TV.
A parceria de Carlos e Bombril chegou ao fim definitivamente em fevereiro de 2017, após discordâncias com um novo contrato. "O contrato estava para acabar e a Bombril passava por uma situação complicada. Fizeram cortes bem malucos em toda a empresa, inclusive na área de publicidade. Até me fizeram uma proposta de renovação, mas era meio absurda. Então chegamos num consenso: já que não estava sendo aproveitado, não tinha nenhuma perspectiva de trabalhar, não fazia sentido eu continuar contratado. No futuro, se tiver interesse, a gente volta a trabalhar junto com o maior prazer", reforça o ator.