A televisão brasileira perdeu nesta quarta-feira, 12 de junho, um dos seus maiores talentos: Ilva Niño. Dona de um sorriso estonteante e um sotaque nordestino único, a atriz faleceu no Rio de Janeiro aos 89 anos.
Em seus mais de 60 anos de carreira, com início na novela 'Bandeira 2' (1971), na extinta Tupi, a atriz ficou conhecida por um estereótipo único: a de empregada doméstica. Simpática, confiante, honesta e desbocada, as personagens da artista eram as melhores amigas de seus patrões. O Purepeople relembra alguns dos maiores papeis da eterna 'Miiiiiiiiina' de 'Roque Santeiro'. Confira!
Na novela de Mário Prata, Ilva foi uma das protagonistas ao lado de Isabel Ribeiro, Arlete Salles e Ana Maria Braga (irmã de Sônia Braga e mãe de Alice Braga). Cotinha, sua personagem, era uma das empregadas de uma família rica. No final da trama, ela se casa com o radialista Pérsio (José Damasceno).
Na trama de Gilberto Braga, Antônia trabalhava na casa de Lourdes (Beatriz Segall), e ouvia as lamúrias da patroa, que amargava dias tristes, enquanto se vangloriava de um passado rico.
A inesquecível Mina era uma verdadeira mãe da exuberante viúva Porcina (Regina Duarte). O grito 'Miiiinnaaaaa' ficou eternizado na história da teledramaturgia brasileira.
No folhetim baseado em 'O Terceiro Pecado', escrito por Ivani Ribeiro, autora de 'A Viagem', para a TV Excelsior em 1968, Ilva era a cozinheira Anésia. Ela trabalhava na casa de Leonor (Myriam Pérsia), a viúva do Dr. Teófilo (Daniel Filho) e mãe das jovens Isabela (Isabela Garcia) e Ruth (Sílvia Buarque).
Na história de Walther Negrão, a veterana vivida Neide, empregada da casa de Gaspar Velásquez (Francisco Cuoco ).
Na excelente novela de Manoel Carlos, reprisada recentemente no canal Viva, Ilva era a grande aliada de Zuleika (Eva Wilma ). A empregada acompanhou a derrocada econômica da família, mas nunca saiu de casa.
Em uma participação mais curta na novela de Manoel Carlos, Ilva era Dalva, casada com Lourenço (Jorge Cherques). Eles eram caseiros na casa de Angra dos Reis dos Motta, liderada por Branca (Susana Vieira ) e Arnaldo (Carlos Eduardo Dolabella).
Zezé era a faz-tudo na casa da família Cerqueira, cujo patriarca era Waldomiro (José Wilker ).
Na complicada trama de Walcyr Carrasco, Marli cuidava da casa de Rebeca (Elizabeth Savalla) e Beatriz (Priscila Fantin ).
Casada com Rodésio, papel de Tony Tornado, os dois trabalhavam na mansão de Gustavo Brandão (Marcos Palmeira ) como empregada e motorista.
No remake da trama de Dias Gomes em 1976, Ilva era Cleide, governanta da casa de Tibério (Tarcísio Meira ) homem que havia ficado "grudado" numa das poltronas.
Ilva Niño saiu do estereótipo em raras exceções. Na novela 'Cordel Encantado' (2011), de Duca Rachid e Thelma Guedes, ela viveu a cangaceira Cândida, mãe de Herculano (Domingos Montagner ).
"Foi encantado mesmo, é outra relação do cangaço, não era aquela relação do Lampião, era mais fantasia, mais cordel mesmo. Você assiste à novela inteira e os cangaceiros não matam uma pessoa, não dão tiro em ninguém, não usam a arma para nada", disse ela, na época.
Em 'Bebê a Bordo' (1988/89), presente no Canal Viva, ela foi Mainha, mulher que criou Ana (Isabela Garcia) após esta ser abandonada por Laura (Dina Sfat). Vale também lembrar sua pequena participação em 'Terra Nostra' (1999) como a freira Teresa, entre outras.
Atualmente, Ilva pode ser vista em 'Cheias de Charme ', como Maria Epifânia Cordeiro de Jesus. Sua última novela foi 'O Outro Lado do Paraíso ', em 2018.