Com grande elenco e tema polêmico, "Praia do Futuro" chega aos cinemas trazendo Wagner Moura como veio ao mundo para as telonas. Com assinatura do diretor Karim Aïnouz, o longa, que tem data de estreia prevista para o dia 15, traz à tona temas como a homossexualidade e o abandono.
Nesta terça-feira (6), os atores e diretor do filme se reuniram em uma coletiva de imprensa no teatro "Nair Belo", no bairro de Higienópolis, em São Paulo, para contar alguns detalhes sobre a produção.
Wagner interpreta Donato, um salva-vidas que tem uma vida pacata em Fortaleza, mas tudo muda quando ele falha ao salvar uma pessoa pela primeira vez em sua carreira. O salva-vidas acaba conhecendo e se envolvendo com o amigo da vítima, o alemão Konrad (Clemens Schick) e parte rumo à Europa, abandonando seu irmão mais novo, Ayrton (Jesuíta Barbosa, ator que se destacou em "Amores Roubados" como melhor amigo do personagem de Cauã Reymond).
Durante o encontro com os jornalistas, Wagner falou sobre o real propósito do filme, que trata do abandono, e afirma que o público pode se chocar com as cenas de sexo e nu frontal. "O Brasil é, sim, um país conservador. Para mim, que sou pai de três filhos, foi muito mais forte o abandono do Ayrton. Não é um personagem gay. É um personagem com tanta coisa e entre elas ele é gay. É só mais uma característica e não a identidade dele", explica o ator.
Ele ainda comentou o fato de as características de Donato serem parecidas com Capitão Nascimento, personagem que o consagrou no cinema nacional e internacional. "Em certo aspecto, talvez seja o personagem mais parecido com o Capitão Nascimento que eu fiz. Um personagem homossexual, por exemplo, também pode ser viril e agressivo", completa Wagner.
O alemão Clemens Schick também questionou o fato de a homossexualidade ser um assunto delicado e disparou: "Você não pode rotular esses personagens de gays, mas vivemos em um mundo no qual ser gay é errado. Por que ninguém pergunta como eu fiz para me preparar para interpretar um personagem heterossexual? Quero ser idealista e pensar que talvez, no futuro, esse tipo de pergunta nem seja levantada".
Karim Aïnouz explica que o conceito do longa, em sua visão, trata-se de "raiva e tristeza", já que os personagens passam por muita dor no início da história, mas acabando "produzindo vida" ao longo do tempo.
Jesuíta Barbosa e Wagner Moura precisaram se dedicar às aulas de alemão, mas Wagner admite que desistiu e pediu que a professora o ensinasse a falar somente as palavras de seu personagem. Mas não pense que somente os brasileiros precisaram se esforçar, Clemens disse que teve muita dificuldade em aprender o português e ficou frustrado por não conseguir falar e se expressar ao mesmo tempo em um monólogo do longa.