Empolgante desde a estreia, a novela "Rock Story" faz um emocionante último capítulo com direito homenagem a Rita Lee e Cássia Eller no nome das gêmeas de Júlia (Nathalia Dill) e Gui (Vladimir Brichta), a participação de Luan Santana e performance de Milton Nascimento com Vladimir e todo o elenco na última cena da trama. Além dos "felizes para sempre" já esperados nos desfechos de folhetim, essa celebração à música só reforça o ótimo trabalho dramatúrgico em parceria com a direção e a trilha sonora da trama que embalou a história do início ao fim.
"Paula e Bebeto", a última canção de "Rock Story" diz muito sobre o folhetim, em que muitas maneiras de amor se mostraram. Desde Gui, o protagonista que saiu de uma relação conturbada com Diana (Alinne Moraes) e descobriu a leveza da paixão com Júlia, e também aprendeu a ser pai de Zac (Nicolas Prattes), até o casal homoafetivo Vanessa (Lorena Comparato) e Bianca (Mariana Vaz). E por que não falar de Romildo (Paulo Verlings) e William (Leandro Daniel), que encontraram em sua amizade e no amor pelo bebê de Marisa (Júlia Rabello) o caminho da redenção? Sem sair do ritmo e cheia de harmonia a novela foi dinâmica e gostosa de assistir em todos os capítulos.
Mais poético e saudoso, o último capítulo não foi de muitas revelações. Como já era de se esperar, tivemos a punição dos vilões com o assassinato de Alex (Caio Paduan) e a prisão de Lázaro (João Vicente de Castro), em que a surpreendente (e aclamada na web) participação de Luan Santana aconteceu como presidiário talentoso, cantando uma música de Léo Régis (Rafael Vitti) que na verdade é dele próprio. O casamento ficou por conta de Gordo (Herson Capri) e Eva (Alexandra Richter), um dos ótimos casais da trama e também ótima escolha da autora. Além disso, o show final da 4.4 cantando o hit "Não Vá" foi um ponto alto, bem explorado junto com a partida de Diana, uma das personagens que mais se transformou.
O que mais chama atenção na trama de Maria Helena Nascimento é como todos os núcleos e personagens foram tomando seu espaço ao longo da história. Apesar de centrada nos protagonistas, a autora soube jogar as "cartas" no tempo certo, e cada um teve (e fez valer) seu momento. É claramente perceptível o quanto Vladimir esteve à vontade como Gui e foi lindo ver o trabalho dele com o personagem. O mesmo com Nathalia Dill, quando encarou a Lorena e se dividiu em duas, principalmente. Alinne Moraes explorou os limites da Diana, que de tão mimada quase virou vilã, mas se regenerou. João Vicente de Castro com seu Lázaro fez uma bonita estreia, digna de parabéns. Até mesmo as participações brilharam. Sensacional.
Outro acerto foram os núcleos de alívio cômico, que se destacaram e ganharam o público. Tanto o trio Néia, Ramon e Lázaro de Ana Beatriz Nogueira e Gabriel Louchard com João Vicente quanto Marisa, William e Romildo - ou Marisa, Haroldo (Paulo Betti) e Gilda (Suzy Rêgo) - mantiveram o humor na medida certa em cada cena. Uma delícia de assistir. E até mesmo Nicolas Prattes e Marina Moschen, que a princípio seria apenas um par romântico, encontraram um caminho diferente e fizeram rir em vários momentos do casal "Zacsmin". Não só o elenco, mas Maria de Médicis e Dênis Carvalho mandaram muito bem na direção também e não podem deixar de levar esse mérito. Como diz o clichê atual: "parabéns a todos os envolvidos".
Impossível se despedir de Rock Story sem comentar dois detalhes que fizeram diferença. Um deles foi a referência direta à capa do disco "Nevermind" da banda Nirvana no fim de um dos capítulos, que foi devidamente reconhecida e levou os internautas à loucura. Outro foi o recurso que pegaram emprestado de outro gênero audiovisual, o de mostrar cenas anteriores toda segunda-feira no início do capítulo. Quem está acostumado a ver isso em séries certamente deu um risinho quando neste último veio a narração em inglês "Previously on Rock Story..." (previamente em Rock Story, em tradução livre). Bom demais.
(Por Samyta Nunes)