Há 36 anos, a festa de réveillon do Rio de Janeiro acabou em tragédia com o naufrágio do Bateau Mouche IV. A embarcação construída em 1970 com 142 pessoas deixou a baía de Guanabara e tinha como destino o mar de Copacabana para acompanhar a tradicional explosão de fogos. O barco virou faltando poucos minutos para a virada de 1988 para 1989 e resultou na morte de 55 pessoas.
Entre as vítimas fatais estava a atriz Yara Amaral, de 52 anos. Paulista de Jaboticabal, a artista que não sabia nadar teria tido um ataque cardíaco. Até meados de novembro, a atriz era vista na novela "Fera Radical", vivendo a Joana, mãe de Fernando (José Mayer), protagonista e par de Cláudia (Malu Mader).
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Yara estava acompanhada da mãe, d.Elisa Gomes (73 anos), outra vítima fatal. É de chocar a forte premonição que a artista teve há um mês da fatalidade. Segundo o jornal "O Globo", em conversa com o ex-marido, Luís Fernando Goulart, pai de seus dois filhos (João, à época com 13 anos, e Bernardo, com 15), ela disse ter a impressão de seria tragada por uma onda do mar e que isso seria fatal.
A atriz também afirmava que via o mar apenas vindo na direção da praia e nunca no sentido oposto. Embora tenha convidado os dois filhos para o réveillon em alto mar, os adolescentes que sabiam nadar optaram por uma outra festa. Luís Fernando também foi convidado por Yara, de quem havia se separado há 13 anos e com quem mantinha ótima relação, porém declinou, optando por ir buscar João e Bernardo na comemoração na casa de amigos.
O corpo da atriz foi liberado do IML por volta das 18h do primeiro dia de 1989, sendo levado para o Teatro dos Quatro, na Gávea. Na época, ela e José Wilker (1944-2014), um dos presentes na despedida, atuavam na peça "Filumena Marturano". O caixão só chegaria ao destino depois das 22h30, 1h30 após o horário previsto para o início do velório.
Vários fãs fizeram fila para se despedir da artista e menos de 24h após a tragédia, cerca de 200 pessoas haviam assinado um documento exigindo apuração e punição aos culpados. A causa apontada foi excesso de peso.
Formada na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, Yara integrou os icônicos Teatro de Arena e o Teatro Oficina. Na TV, chegou em 1968 com "A Pequena Órfã", teve passagens pela Record, Tupi e Manchete (onde atuou em "Helena", de 1987). Seu primeiro trabalho na Globo foi em 1970 no original de "Irmãos Coragem".
Fez também a primeira versão de "Guerra dos Sexos" (1983-1984) e outras novelas como "Sol de Verão" (1982-1983), história marcada por tragédia envolvendo seu protagonista. No cinema, esteve em aproximadamente 10 filmes entre 1973 e 1987, como "A Dama do Lotação" (1978).