Tainá Müller seguiu os passos de Paola Carosella e destacou a importância de autoaceitação. Capa da revista "Glamour" de outubro, a atriz disse que sofria com os padrões de beleza, apesar de ter sempre ter sido magra: "Hoje tenho um olhar muito mais generoso com o meu corpo do que com 20 anos, quando era modelo e 12 kg mais magra. Quando fotografava em Milão não me achava magra o suficiente, nunca estava satisfeita. Vejo fotos da época e percebo que tinha um corpo 'perfeito', totalmente dentro do 'padrão' e estava infeliz. Agora ele não está neste padrão, mas me sinto mais confortável. E não se trata de um mérito meu, mas de um reflexo desse movimento de desconstrução de padrões e de nível de exigência. Sim, meu corpo está ótimo para uma mulher de 36 anos, com filho. Não, não vou ter mais o corpo de 20 anos porque eu não tenho mais 20".
A artista superou os problemas com o corpo e hoje não pensa em mudá-lo: "Entendi que não tenho que almejar um corpo que não é o meu. Já tive barriga sequinha, mas nunca tanque. Por que teria agora? Eu sou essa, é minha genética. O tempo vai passar, meu corpo vai ficar mais disforme, mas dá para manter a dignidade. Se você está bem com você, ninguém vai reparar nos detalhes". A atriz, aliás, disse que o feminismo mudou sua percepção: "Eu sempre me senti internamente muito livre, mas esbarrava com uma falta de liberdade na sociedade. Quando comecei mesmo a estudar, a me aprofundar no feminismo, percebi que fiquei muito tempo à mercê do julgamento desse olhar que não é o que eu sou de verdade. Eu sou mais que meu corpo. Se eu for o meu corpo, acabou. Porque o corpo acaba, é perecível. Eu não quero ser só isso e não sou só isso".
Mãe de Martim, de 2 anos, Tainá relatou que a mudança trouxa transformações físicas: "Meu corpo nunca mais foi o mesmo. A gravidez é muito dissonante do estilo de vida que a gente leva. Tinha dias em que eu só queria ficar deitada. Às vezes me sentia enorme, às vezes me sentia linda e tirava uma foto. Agora vejo que estava linda o tempo inteiro. A gente distorce muito nossa imagem por causa da sensação que tem no momento". Segundo a atriz, o puerpério também foi importante: "Foi tão intenso que nem lembro com detalhes. Tive muitos problemas para amamentar, chorei várias vezes de dor, achei que não daria conta. Mas descobri que sou forte. Que o feminino tem algo sagrado. Acredito que se existe uma revolução possível para salvar o mundo, ela vem através do feminino – o feminino das mulheres e dos homens".
(Por Tatiana Mariano)