A participação de Simone Mendes no programa "A Hora do Faro", prevista para ir ao ar neste domingo (14), foi cortada após o público apontar a prática de blackface, uma atitude racista, caracterizada quando pessoas brancas pintam a pele para representar, de forma estereotipada, pessoas negras. A sertaneja, que acaba de lançar sua carreira solo, gravou uma participação no quadro "Funcionário Famoso".
Simone foi disfarçada como uma organizadora de eventos para surpreender três fãs enfermeiras. Para não ser reconhecida, a produção do programa pintou sua pele em tom mais escuro e colocou uma peruca de cabelos encaracolados. A chamada do programa, que foi exibida na Record TV semana passada, já causou controvérsia entre o público, afinal, além de ser uma prática racista, trata-se de um assunto que tem tido ampla discussão dentro do universo da televisão.
De acordo com o site Na Telinha, as críticas após a veiculação da chamada assustaram que Simone, que temeu a repercussão negativa. A equipe da cantora, então, pediu que a Record não exibisse a gravação e a emissora optou por acatar o pedido. Ainda de acordo com o portal, foi a produção do programa quem sugeriu e fez a caracterização na sertaneja.
Sem tempo para produzir uma nova matéria, o programa exibiu uma reportagem de Dia das Mães realizada em 2019. A expectativa é que a cantora grave uma nova participação na atração em breve - sem blackface, dessa vez.
A reportagem do Purepeople entrou em contato a assessoria de imprensa de Simone Mendes para pedir um posicionamento em relação às informações divulgadas, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.
O blackface é uma prática que surge por volta do século XIX, em uma época onde a população preta era impedida de assistir e participar de shows e espetáculos teatrais nos Estados Unidos. Por isso, artistas brancos subiam ao palco com os rostos pintados com tinta preta, com representações quase sempre estereotipadas e, por vezes, depreciativas das pessoas negras. Além de desrespeitosa, a prática do blackface resgata a memória de um tempo de segregação.
Recentemente, o "Mais Você" viveu a mesma polêmica depois que um participante do quadro "Jogo das Panelas" fez blackface para um jantar em homenagem à realeza do continente africano. O programa mostrou as imagens, mas, logo em seguida, exibiu o posicionamento da jornalista e professora Rosane Borges, que explicou por que se tratava de um ato racista.
"Não devemos fazer em nenhuma hipótese. Estamos em pleno século 21, é preciso que a gente avance enquanto humanidade e civilização e que digamos não a uma técnica tão cruel e desumanizadora", explicou a jornalista.